quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Mestre Internacional Bernardo Roselli vence I COPA DAS NAÇÕES DE XADREZ




Choveu muito no dia anterior. O que poderia atrapalhar as pretensões e colocar literalmente em 'xeque' o sucesso do evento. Só que amanhã trouxe sol, muita luz e uma certeza - as esperanças estavam renovadas. Porém estas preocupações até poderiam ser excesso de zelo da organização, uma vez que o acontecimento estava marcado para um dos mais seletos e seguros locais - quiça, sem sombra de dúvidas o melhor no gênero, e poderia até 'chover canivete' que a segurança e a integridade de todos estavam garantidas. Estrada sinalizada, Polícia Rodoviária e Brigada Militar, ambas as forças de segurança, a primeira da esferera federal e a segunda estadual, mas de qualquer forma compunham a segurança do evento e foram orientadas para qualquer contratempo de possíveis erros dos visitantes em encontrar o endereço. Estamos falando da realização neste último sábado de 2007, dia 29 de dezembro - da I COPA DAS NAÇÕES DE XADREZ que reuniu no CTG Presilha do Pago o que havia de melhor disponível no momento em termos de jogadores - com destaque para o Mestre Internacional, multicampeão uruguaio e integrante titular da equipe olímpica de seu país Bernardo Roselli, do atual campeão gaúcho absoluto de xadrez Allan Gattass de Pelotas, do candidato a Mestre FIDE Rodrigo Borges de Soledade, do Mestre FIDE Luiz Ney Menna Barreto (Santa Catarina), de nosso único jogador profissional da Federação Internacional de Xadrez Nilo Cruxen - além de outros muitos aficionados deste esporte da inteligência, de Alegrete, Bagé, Rosário do Sul, Manuel Viana, Rivera e Santana do Livramento. No entanto ninguém foi páreo para Maestro e multicampeão uruguaio Bernardo Roselli e sua filha Patrícia de León, sub-campeã sul-americana da categoria mirim. Eles simplesmente 'patrolaram' seus adversários.
08h30min da manhã pontualmente, como previa o protocolo, o ônibus da empresa Fonseca estacionou frente ao Bobby Fischer Xadrez Clube de onde partiu conduzindo os enxadristas que não possuíam automóvel. 08h40min minutos lentamente o motorista deu partida e seguiu em direção ao CTG, local cujo caminho já conhece até de olhos fechado, pois inúmeras vezes já vez este trabalho para o senhor Rui Rodrigues - patrono do Presilha do Pago e anfitrião. 09h00min horas estava 'taxiando' para deixar todos os jogadores (crianças, jovens e adultos). Não foi uma tarefa das mais fáceis porque frente ao CTG já estava literalmente tomado de veículos, algumas motos que não atrapalharam em nada, pois estavam debaixo das frondosas árvores que cercam o CTG e muitos ônibus de excursão de outras cidades. Porém nada que preocupasse ou impedisse este hábil e experiente motorista de realizar seu oficio.
Um mar de gente. Assim. Este é o verdadeiro termo que define o que estava acontecendo no interior do CTG. Onde, como não poderia deixar de ser – muito animada pela delegação de Bagé que na liderança de seu maior ídolo e ícone do xadrez em sua comunidade, o engenheiro e proprietário da Sistema Engenharia – Emílio Mansur, comandou a alegria. Muitos já se conheciam - se cumprimentaram demoradamente, outros ainda meio perdidos tentavam se apresentar. No interior da cozinha, as profissionais do gênero se encarregavam de servir o coffe-breack. Uma recepção de luxo. Precisamente 09h30min minutos deu início ao torneio. No ritmo de meia hora por jogador tranquilamente antes do meio-dia as duas rodadas programadas pela organização foram realizadas. Chegou o momento de 'recarregar as baterias' - e nisso o seu Rui é um verdadeiro 'mestre' em escolher o cardápio. Talvez se compare somente aos melhores restaurantes de hotéis com categorias de quatro estrelas para cima. Muitas saladas - um Buffet livre com tudo o que havia de mais requintado. Muitos pratos quentes e frios. Arroz à grega, massas, arroz branco, carnes (fritas, de panela e com molho), purês de batatas, enfim uma variedade incontável de opções. Isso não só no almoço, mas na janta. Claro que não comida requentada, mas tudo feito novamente. E importante que se diga. Tudo a título de cortesia. Ninguém pagou nada por isso - nem inscrição para o torneio, transporte até o local ou qualquer outro tipo de cobrança. Correção. Havia sim um compromisso. Respeitar as regras do CTG, manter conduta à altura deste milenar e esporte da inteligência que será a última tentativa humana de convivermos pacificamente com o infinito - uma vez que o xadrez é o único esporte onde todas as categorias podem se enfrentar e sem riscos, contatos ou agressões, muitas vezes disfarçadas de esporte olímpico.
Só que, como tudo na vida - o sucesso depende de muito trabalho. E foi isso que aconteceu. Não fosse a união de entidades idôneas comprovadamente de utilidade pública no real significado da palavra como o Bobby Fischer Xadrez Clube, do Grupo de Pilotos de Arrancada (GPA) de Sant'Ana do Livramento, do incansável santanense Solimar Charopen (Ico) que atualmente é o assessor da Secretaria de Esportes do Rio Grande do Sul em Porto Alegre, da FUNDERGS e principalmente dos esforços diuturnamente de Rui Rodrigues jamais mediu esforços para efetivar este investimento. Se tudo correr bem - e correrá como é o pensamento unânime deste grupo, 2008 será um ano de grandes realizações. Sem esquecer que o doutor Mozar Hillal colocou-se à disposição de ceder um de seus hotéis, até os dois, Verde Plaza e Hotel Nuevo - para acolher enxadristas de toda América do Sul como são os planos do empresário e promotor cultural Rui Rodrigues juntamente com o jornalista Pedro Nicola e Ico Scharopen.


Classificação final

Nome Categoria Título Origem Pontos
1 Bernardo Roselli Geral MI Montevidéu 7
2 Allan Gattass Geral . Pelotas 5
3 Rodrigo Borges Geral MF Soledade 5
4 Nilo Cruxen Geral . Santana do Livramento 5
5 Pablo Lara Geral Santana do Livramento 5
6 Félix Maidana Sênior Rivera Chico 5
7 Dirley Belo Gera Rivera 4
8 Luiz Ney Menna Barreto Geral MF Florianópolis 4
9 Emílio Mansur Geral Bagé 4
10 Felipe Menna Barreto Juvenil Porto Alegre 4
11 Marco Aurélio Alegrete Geral Alegrete 4
12 César Magno Juvenil Bagé 4
13 Tiago Braz Geral Santana do Livramento 4
14 Alberto Carlos Silveira Geral Bagé 4
15 Fausto Brignol Sênior Bagé 4
16 Ciro Manoel Rodrigues Geral Manoel Viana 4
17 Patrícia de León mirim Montevidéu 3
18 J.J. Silva Veterano Bagé 3
19 Alcides Paz Juvenil Santana do Livramento 3
20 Leonardo Martins Geral Santana do Livramento 3
21 Jonathan Manes Cadete Santana do Livramento 3
22 Adriano Machado Oliveira Geral Santana do Livramento 3
23 Denilson Belmonte Mirim Santana do Livramento 3
24 José Oribe Veterano Santana do Livramento 3
25 Matheus Gutierrez Mirim Santana do Livramento 3
26 Maicon Sergio Flores Cadete Manoel Viana 3
27 Stefani Belmonte Mirim Santana do Livramento 3
28 Mariane Diehl mirim Santana do Livramento 3
29 Carlos Manes Geral Santana do Livramento 2
30 Luiz Matheus Duarte Mirim Manoel Viana 2
31 Júlia de Freitas Mirim Santana do Livramento 2
32 Federico Maidana Cadete Rivera Chico 2
33 Rosiane Vargas Mirim Santana do Livramento 2
34 Lucas Farias Mirim Santana do Livramento 1
35 Paulo Ricardo Duarte geral Manoel Viana 1








Destaca-se um verdadeiro fenômeno no circuito Bobby Fischer de blitz


Nunca se viu uma maratona de xadrez como a ocorrida na noite desta última quinta-feira, dia 29 na sala vip do Bobby Fischer Xadrez Clube. Nem o frio que beirava os dois graus centígrados foi o suficiente para afugentar o real futuro do esporte-ciência em Santana do Livramento. Desde criança de oito anos, até veterano - passando pela categoria feminino e adulto geral, todos disputaram a primeira etapa do circuito de blitz no ritmo de cinco minutos com a captura de rei liberada. Ao todo foram 22 rodadas onde se destacou o atual fenômeno do xadrez santanense que obteve a incrível marca de 19,5 pontos ganhos - perfazendo 88,66 por cento de aproveitamento.
Alcides Paz (foto ao lado) mal podia acreditar no que estava acontecendo. Seus pensamentos de até umas horas atrás ainda estavam vivos em sua mente e ele chegou a se beliscar para comprovar se não estava sonhando. Disfarçadamente levou a mão por entre as volumosas pernas e lentamente foi pressionando a carne entre o dedo polegar e indicador. Doeu e concluiu que realmente não sonhara – aquele ser sentado à mesa 1 era ele mesmo que ali estava há umas boas rodadas. Perguntou-se. E os seus fantasmas – esquecimentos e muitos “balões” lhe eram peculiares, principalmente em partidas de xadrez relâmpago. Ele sempre foi consciente que aprendera xadrez há pouco tempo e sempre teve o relógio como um adversário a mais. “Meu Deus pensou!” – não consigo acreditar que até no tempo eu venci partidas... “Estou no céu!”. Só que tudo aconteceu, de fato, como se fosse o roteiro de um filme da trilogia Rambo ou Rocky o lutador, apenas com um detalhe, Alcides obteve seu estrelato naturalmente – sem muitas baixas
Como saldo desta epopéia, Alcides passou a liderar o ranking santanense por pontos e rating na categoria light. Ele é um exemplo de superação que teve um início conturbado e muito difícil em sua vida enxadrística, pois, acredite – somente veio a dar o seu primeiro “xeque” após quase seis meses tentando. E, para sua felicidade, o que conseguiu foi um xeque-mate ocorrido no torneio comemorativo ao Dia do Trabalho no ano de 2006. Porém, Alcides no decorrer das 22 partidas começou a se destacar e ser objeto de veneração pelos mais jovens e demais jogadores do torneio que já nem lembravam mais que haviam sido derrotados por ele. Para chegar à categoria de graduado e, mais adiante de mestre - isso sim falta muito, mas se ele persistir e estudar certamente poderá atingir este status tão almejado e que nossa cidade se orgulha de ter múltiplos jogadores deste nível e ser uma das principais forças do xadrez no Rio Grande do Sul.
Alcides com certeza chegará um dia neste nível - mas por enquanto ele deverá se formar na faculdade dos enxadristas que militam nas categorias de acesso do Bobby Fischer e os prognósticos são animadores. Olha que neste torneio de quinta-feira não tinha só os chamados "galinhas-mortas" – compareceram os integrantes da seleção da escola Nossa Senhora do Livramento, Cristian Sampaio, Marco Luncks, Lucas Willes e Shayane Protti. Como se não bastasse estavam presentes jogadores notadamente experientes e historicamente mais fortes que Alcides - como José Messiânico, Andress Sheguhem, Carlos Manes, Leonardo Martins. Mas como se não bastasse o sargento Sandro Alvienes do 7ºR.C.Mec chegou no último instante e com todo gás.
Apesar de tudo - Alcides Paz não se intimidou e foi pondo em prática a teoria que teve acesso nestas últimas semanas. Deu certo e foi empilhando vitórias uma em cima das outras. Teve duas derrotas, é bem verdade - mas, como acontece só com os iluminados, ele perdeu quando pôde perder, pois já tinha uma sobra de gordurinha para queimar. O circuito Bobby Fischer está programado para três etapas - sempre nas quintas-feiras a partir das 19 horas na Hugolino Andrade, 371 premiando com medalhas do SESI até o terceiro lugar e nó próximo dia cinco os enxadristas da categoria light poderão disputar a segunda etapa - mesmo que não tenham jogado a primeira.





















A história de Nélson e Tarcísio um carioca e um cearense no RS




“Nélson de Lima é um carioca de Cabo Frio como outro qualquer. Seria, não fosse ele um divertido e jocoso advogado apaixonado pelo Xadrez. Não tivesse ele um amigo de fé não teria tido coragem para partir rumo ao desconhecido confiando apenas na intuição. Ele teve o apoio do cearense Tarcísio Dantas que o encorajou. A seguir a narrativa de uma aventura de um <> e um <> que se aventuram em terras gaúchas no extremo sul do Brasil adentrando, inclusive, em território uruguaio – tudo para disputar um inédito torneio de xadrez. A narrativa que segue é simples, vibrante, de fácil compreensão e rica em detalhes”.



Domingo, 10 de Agosto:

06h. 30min. Eles chegaram para a disputa da III COPA BOBBY FISCHER DE XADREZ com uma semana de antecedência – vindo da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, a cidade mágica e maravilhosa que embala os sonhos de qualquer turista. Tarcísio Dantas e sua esposa Roberta – juntamente com o renomado advogado carioca de projeção nacional Nélson de Lima. Na bagagem trouxeram muito mais do que roupas e muito agasalho para enfrentar o frio da fronteira gaúcha que no período oscilava entre os 10 graus centígrados. Mas a sensação térmica de menos três – provocada pelo bom e velho vento minuano dos pampas gelou até os ossos de nossos amigos turistas que há algumas horas, no Rio de Janeiro os termômetros beiravam os 40 graus – e na sombra. No entanto – eles tinham uma “arma secreta” que os defenderam das agruras climáticas. A alegria e espírito jovial deles somaram ao calor humano da fronteira fazendo-os esquecer, de sobremaneira, que estavam mais próximos do Pólo Sul, uma nova experiência – já que vinham da tórrida região equatorial.

2ª-Feira, 11 de Agosto:

09h. 14min. Tarcísio e Roberta tranqüilamente estavam tomando café da manhã no hotel quando tiveram a agradável surpresa de conhecer aquele personagem que outrora apenas tinham trocado mensagens por e-mail e conversado uma vez por telefone. O reconhecimento não aconteceu à primeira vista, mas depois de alguns segundos aquele ser parado diante deles, carregando uma câmera fotográfica digital foi reconhecido por analogia e recebeu um caloroso e precioso abraço de ambos. O jornalista e presidente do BFXC Pedro Nicola não tinha dúvidas. Os poucos e escassos chumaços de cabelos que se espalhavam pela volumosa cabeça davam testemunho que aquele simpático senhor não poderia deixar de ser o cearense Tarcísio. Voz melíflua e com timbre agudo – Tarcísio e Nicola mantiveram uma longa conversa até a chegada de seu amigo. Ainda sonolento Nélson era bem diferente de Tarcísio. O típico carioca “da gema” era muito brincalhão e falava pelos cotovelos. (foto 1)

10h. 30min. O quarteto foi recebido pelo prefeito municipal de Santana do Livramento em exercício Ângelo Sant’Anna. A rasgação de seda foi grande. A conversa se arrastou por longos e duradouros minutos – onde não pouparam elogios ao trabalho realizado pelo Bobby Fischer Xadrez Clube e seus planos para futuro. Tarcísio e Nélson se comprometeram em retornar não ó em 2004 para futuros eventos, mas sempre que forem promovidos eventos como a III COPA BOBBY FISCHER. Segundo eles, há grandes possibilidades de que tragam uma excursão reunindo os melhores jogadores do Rio de Janeiro e região. Esta visita inesperada teve que ser interrompida, passados 54 minutos, pois quebrara um protocolo agendado há semanas onde neste momento deveria estar sendo realizada uma importante reunião entre o executivo municipal e uns empresários que objetivam estabelecer suas indústrias na cidade. (fotos 2, 3, 4, 5,6).

11h. 14min. Nélson, Tarcísio e Roberta deixam o gabinete do vive-prefeito e foram convidadas a conhecerem o Salão Nobre Prefeitura Municipal. Eles se comportaram como típicos turistas e ficaram verdadeiramente deslumbrados quando chegaram na sacada que fica de frente à Praça General Osório – a principal da cidade. (fotos 7,8,9,10,11.12,13) Tiraram algumas fotos (fotos 14,15,16,17,18) e prontamente decidiram que chegara o momento de conhecer a centenária árvore Timbaúva que dizem ter sido plantada pelo imperador Dom Pedro II quando aqui esteve. O trio parecia que estava no paraíso – tamanha era a alegria. Após abraçarem a exemplar mais famosa da flora santanense – eles avistaram o típico habitante da terra. O setuagenário personagem nada entendeu quando foi abordado pela dupla que o “forçaram” a sentar no banco da praça para tirarem uma fotografia. (fotos 19, 20).

11h. 34min. Depois de percorrerem os quatro cantos da praça e visitarem a Catedral da Igreja Matriz – os jocosos visitantes foram conhecer a Sala de Cultura da cidade, cuja chefia está sob a responsabilidade de Zélia Cardoso Mendina (foto 23) - uma simpática “ânsia que se aproxima dos oitenta anos” e que conhece toda história de Santana do Livramento. Ela própria faz parte dela. Antes, porém - conversaram animadamente com populares na rua. (foto 21) No andar superior desta casa – após percorrerem uma suntuosa escadaria de mármore branco que dá um ar de glamour na arquitetura greco-romana da era vitoriana eles chegaram no último dia da exposição de artes que comemora o aniversário da cidade. Neste particular o entusiasmo maior ficou por conta de Roberta Dantas que – no Rio de Janeiro exerce a profissão de pintora de quadros e artesã. (fotos 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29,30).

12h. 16min. O sinal típico que chegara o momento de partirem foi sentido. Eles não tinham despertador ou agenda eletrônica que os avisassem do compromisso inadiável do momento. Mas sabiam que era hora do almoço, pois o “ronco oco” do estômago era razão mais que suficiente para partirem. Sabe onde eles foram? Provar uma deliciosa e suculenta “parrillada” uruguaia. Ali tomaram várias cervejas que na verdade são chopes, comeram uma variedade incontável de carnes, saladas e sentiram na pele o reflexo deste ‘bulimia’. O sangue ácido provocou um sono incomum que os fez dormir pelo resto da tarde, assim que chegaram no hotel.

18h. 00min. O sol declinara quando o porteiro ligou para o quarto deles avisando que tinham visita. “- Boa tarde, aqui é da portaria e tem um senhor desejando vê-los”, avisou educadamente o senhor Nilo. – “Está certo, já baixaremos”, responde com uma grave voz o cearense. Não que estivesse incomodado, mas as longas horas de sono engrossaram sua fina voz. O frio que estava sentindo era intenso e com a mão esquerda agarrando o cachecol em torno do pescoço mal pode bater à porta do quarto 26 onde estava Nélson. Ele utilizou o chaveiro de madeira para isso, pois temeu machucar seu dedo indicador. O carioca é um homem de compleição rígida. Pode-se dizer que é do tipo forte. Poucos são os advogados que tem este porte físico. Em parte isso é bom, pois dispensa guarda-costas ou coisas no gênero. Ao chegarem no saguão do hotel encontraram ninguém menos que Nilo Cruxen, o diretor de esportes do BFXC. Eles, após breves apresentações – foram passear e jantaram juntos. Na volta ainda “bateram uns pinguisinhos” e foram dormir. Cada um em seu respectivo quarto - é claro, e Nilo voltou para sua casa.

3ª-Feira, 12 de Agosto:

09h. 30min. Eles baixam para o café da manhã na última hora. O hotel encerra às nove e meia, pois precisam preparar o almoço. O céu azul, sem nuvens e temperatura agradável era ideal para um passeio de compras. Foi exatamente que fizeram. Se existe o termo que os qualifiquem, o de compradores compulsivos se encaixaria como uma luva. Compraram até o que, à primeira vista – não serviria para nada. Como o frio era o fantasma que o mais assombrava – os artigos de vestuários dominou amplamente suas bagagens. Mais uma vez tiveram que recorrer a um táxi para leva-los de volta ao hotel. Ontem foi por causa do excesso de comida e desta vez a causa teve outro motivo. As compras.

15h. 00min. Após e reconfortante soneca da tarde – eles foram convidados para visitar a fábrica de vinhos Almadem. O vinhedo fica alguns quilômetros do centro da cidade e havia necessidade de que saíssem mais ou menos cedo. Depois de chegarem no posto de gasolina que fica nos limites da cidade e abastecer o automóvel V.W. Santanna Executivo do presidente Nicola que os conduziriam até lá. O trajeto de pouco mais de 23 quilômetros foi percorrido em pouco mais de 20 minutos – tempo mais que suficiente para que os visitantes se maravilhassem com as belíssimas paisagens – um páramo de coxilhas pintadas de branco “andante” onde ao se aproximar via-se se tratar de centenas de ovelhas pastando num campo verde exuberante, de um lado e do outro – vinhedos a perder de vista. Eles estavam literalmente maravilhados com o que viam. No entanto, o ponto máximo aconteceu algum tempo depois, quando foram cordialmente convidados pela gerente do estabelecimento que atende por dona Núria - a degustarem livremente suas “obras-primas”, ou seja – os melhores vinhos de sua adega (fotos 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38,39). O trio só não teve uma dor de cabeça terrível no dia seguinte, após passagem da conta degustando de tudo um pouco - porque o vinho era de ótima qualidade. Eles “não deram uma de cachorro magro” e deixaram a anfitriã muito feliz por dois motivos: prometeram retornar em 2004 com muitos amigos e ainda fizeram um verdadeiro “rancho” comprando várias garrafas de vinhos finos de safra especial.

18h. 33min. A esta altura dos acontecimentos calcula-se que dificilmente eles lembrem do crepúsculo daquele final de tarde e início de noite. O céu “olhava” para eles com um tom violeta puxando para rosa no lado leste e por detrás uma radiante lua cheia que insistia em querer dividir espaço com o sol no mesmo período. Nélson, que sentara no banco da frente era o mais afetado pelo vinho. Ao passo que o casal ainda conversava e fizeram menção sobre a apocalíptica tarde. Pena que a bateria da câmera descarregara. Perdemos estas cenas, o entardecer e o trio embriagado. Eles ficaram no hotel, foram dormir para depois jantarem no quarto.

4ª-Feira, 13 de Agosto:

10h. 30min. Manhã de ressaca. Sem café da manhã. Almoço direto. Destino. Rivera. Mais uma vez comeriam uma “*parrillada” (*fala-se parrijada, um típico churrasco uruguaio onde se assa tudo que tem no boi (vaca), desde os miúdos até a carne). Só que desta vez o que molharia suas gargantas não seria cerveja, mas água mineral – e das mais alcalinas que se tem notícia. A mineral de Rivera tem um pH muito elevado e bom para digestão. A caminhada de umas 13 quadras desde a parrillada Lá Picaña (o ~ sobre o n se lê nhá) atravessado Rivera até entrar em Livramento até o hotel – ajudou de sobremaneira na digestão.


15h. 00min. Havia chegado o momento de conhecer o Poder Legislativo Santanense, ou simplesmente a Câmara Municipal de Vereadores de Santana do Livramento. A exemplo da vez em que visitaram a Prefeitura Municipal – eles chegaram de surpresa. Não fez a menor diferença. Foram recebidos pelo presidente da casa – o vereador (PTB) Solimar Scharopen com todas as honrarias da casa (fotos 40, 41, 42, 43, 44). Conversaram de tudo um pouco e como de costume ele falou a maior parte do tempo. Contou aos visitantes das peculiaridades da fronteira mais irmã do mundo e da simbiose econômica. Ao encerrar convidou-os a comparecer na sessão do próximo dia – o que prontamente foi atendido. Só que Solimar e o jornalista Pedro Nicola estavam de má intenção.

21h. 00min. Em companhia de Nilo Cruxen – eles, após o jantar finalmente foram conhecer o Bobby Fischer Xadrez Clube. Fazia frio e eles ficaram pouco tempo. Talvez uns 20 minutos – o tempo suficiente para duas ou três partidas de “ping”. Quem na verdade jogou foi Tarcísio – porque Nélson é averso ao jogo rápido. Para ele velocidade só nos casos que se propõe a resolver na justiça. Como o dia seguinte seria de muita atividade eles decidiram que chegara o momento de se recolherem para o hotel. Foi exatamente o que fizeram.




5ª-Feira, 14 de Agosto:
09h. 15min. Desta vez eles não perderam o café da manhã. Estavam ansiosos para saírem logo às compras. Como lhes haviam indicado outra parrillada e o meio dia não tardaria a chegar – fizeram uma refeição frugal, apenas algumas frutas, pouco pão e frios e leite magro. Visitaram o primeiro e único “camelódromo” onde a venda de produtos legitimamente falsificados e contrabandeados do Paraguai é institucionalizado. Ficaram atônitos pela variedade. Nunca viram tanto CD brasileiro falsificado vendido livremente. Cigarro então – aos quilos, quem sabe centenas. Que festa faria um fiscal da Receita Federal se pudesse cruzar a fronteira. Mas acontece que a lei uruguaia faz “vista grossa” e segue a lei da sobrevivência. Precavidos eles nada compraram. Preferiram pagar um pouco mais caro e pediram nota, adquirindo mercadorias “quentes” nos free-schops de Rivera.

19h. 30min. A tarde não passou nunca. Eles estavam ansiosos. O que os aguardaria de tão especial na sessão da câmara daquelas tarde/noite? Só chegando lá descobririam. No horário combinado lá chegaram. Meio que desconfiados eles subiram até o plenário (fotos 45, 46, 47). . Até aí tudo normal. Acusações - baixarias e insultos é comum em todas as casas legislativas – sejam elas na esfera municipal, estadual ou federal. Tudo é igual, pensou Nélson – o advogado que gosta de política. A entrada do trio foi atentamente acompanhado pelo presidente Solimar que – com um gesto sutil chamou a atenção do secretário da casa que atendeu tudo. Eles haviam combina\do algo. Discretamente o rapaz adentrou no local restrito aos vereadores e – sutilmente passou as mãos do presidente algo que à distância parecia um pacote contendo, quem sabe quadros ou livros. Só no futuro saberemos.
19h. 55min. O Vereador Chapopen em tom solene pediu a platéia que fizesse silêncio e anunciou a presença na casa legislativa de dois ilustres personagens que estavam de visita a Livramento para participar de um grande acontecimento internacional. Eles literalmente foram tomados de assombro. Tarcísio, o cearense que é branco como um papel – ficou um tomate maduro. Já Nélson sua rubrosidade ficou menos aparente – uma vez que o sol da praia de Cabo Frio se encarregara de disfarçar um pouco.
20h. 00min. Chegara o Grande momento. Enfim seria desvendado o segredo guardado há um dia e meio. A dupla quase teve um chilique ao ficar sabendo seriam solenemente homenageados e ovacionados pela platéia. A Câmara Municipal de Vereadores juntamente com o Bobby Fischer Xadrez Clube entregaram a eles uma COMENDA ESPECIAL – destinada apenas a ilustres personagens da história – como: escritores, magistrados, heróis que se destacaram no cenário santanense (fotos 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54). . O diploma assinado pelo jornalista Pedro Nicola e o vereador Solimar Charopen diz o seguinte: O BOBBY FISCHER XADREZ CLUBE em conjunto com a CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES DE SANT’ANA DO LIVRAMENTO, CONFEREM AO ENXADRISTA ____________________________ A COMENDA “VOLTA DO ROMANTISMO AO XADREZ”. UM RECONHECIMENTO AO ESFORÇO DE UM VERDADEIRO ‘BANDEIRANTE’ QUE VEIO DA CIDADE MARAVILHOSA, RJ, PARA PRESTIGIAR O XADREZ SANTANENSE.


6ª-Feira, 15 de Agosto:
11h. 45min. Com os nervos na flor da pele, pois estão a menos de 12 horas do grande acontecimento - Nélson, Tarcísio. Roberta, Nilo e Nicola chegam para dar uma entrevista num canal uruguaio de televisão a cabo com audiência nacional. O canal 3 é um dos mais assistidos no Uruguai e corresponde a rede Globo no Brasil. Durante meia hora o apresentador discorreu inúmeras questões deixando seus convidados à vontade que em nenhum momento deixaram de responder. A grande barreira lingüística foi rompida porque o xadrez tem uma linguagem universal. A audiência do programa foi comprovada pelos inúmeros telefonemas de telespectadores vindos de todo o Uruguai - desejando saber informações sobre os entrevistados e o evento que se realizaria no dia seguinte.

12h. 30min. Enquanto os dirigentes retornavam para Santana do Livramento – com objetivo de arrumarem a sala de jogos para a III COPA BFXC, o trio permaneceu em Rivera, imagine para que? A resposta é óbvia. Foram comer uma parrillada. Ao retornarem para suas residências com certeza não poderão dizer que passaram fome. Muito pelo contrário. Acima do peso - eles serão testemunhas vivas que por aqui comer bem é a palavra de ordem. A partir daí e pelas horas que findaram a sexta-feira – não se teve notícia deles.


Sábado, 16 de Agosto:
06h. 30min. A exemplo de uns outros tantos jogadores de xadrez - nesta madrugada fria de sábado – lá estavam Tarcísio e Nélson na escada frente ao Bobby Fischer esperando para embarcar no ônibus que a organização contratou para conduzir os participantes até o local dos jogos – juntamente com enxadristas da Argentina (3), Rivera (5), Montevidéu (7), Maldonado (2), Livramento (15), Florianópolis (1), Porto Alegre (2) e representantes de rádios e jornais de Rivera e Livramento. Aqui encerra a jornada destes heróis que tem a última edição na tarde de domingo.

Domingo, 17 de Agosto:
13h. 45min. Iniciam aqui as últimas aventuras do trio. Depois de, como de costume se fartarem numa parrillada de Rivera com muita carne, queijo parrillero (queijo assado nas brasas com orégano e azeite de oliva), salada russa, batata frita, bife milanesa e arroz branco eles chegaram ao hotel onde Nicola os aguardava jaz algum tempo.

14h. 05min. Chegam no posto de gasolina. Completam o tanque e partem em direção à outra vinícola. A Santa Colina, cujos japoneses são os donos. Só que aquela fama de que o povo japonês é trabalhador aqui não funciona. No domingo quando os turistas saem para passear o que desejam. Atrações, é claro. Só que neste caso a frustração foi a palavra de ordem. Após percorrerem 17 quilômetros interior adentro o que valeu mesmo foi o passeio e a paisagem – porque a vinícola estava fechada. Porém logo ficou esquecido com o que veio a frente.
15h. 22min. O paradeiro agora foi o sítio (casa de campo) da família Nicola que muitas vezes foi chamado de SEDE CAMPESTRE DO BFXC, um aprazível local com piscina, área verde, árvores frutíferas e uma quadra demini-vôlei. Aqui jogaram voleibol de um lado Nélson, Tarcísio e Roberta. Do outro, Nicola, sua esposa Cláudia e o filho Pedrinho. Entre uma partida e outra girava uma roda de chimarrão.

15h. 59min. Quase quatro horas da tarde e tínhamos outro compromisso. E não era muito perto não. Despedimo-nos do pessoal e partimos para Rivera. Os objetivos eram dois. Mostrar o autódromo municipal da vizinha cidade uruguaia que já foi palco de grandes corridas e a outra levar até o parque florestal OSE de onde vem a água que abastece a cidade. Tanto um quanto o outro é em seqüência, no mesmo caminho. Chega-se primeiro no autódromo. Só que chegar é uma coisa e entrar é outra. Como três adolescentes eles inadvertidamente ignoraram a placa de PHOIBIDO PASAR e com alguma ginástica e muita dificuldade em conjunto conseguiram entrar (fotos 55, 56, 57, 58, 59, 67, 68, 69, 70,71). Maravilharam-se com o que viram. Mas a grande surpresa estava reservada para mais adiante – um quilômetro aproximadamente, talvez um pouco mais ou pouco menos.

17h. 52min. Se tirar uma foto e perguntar onde é o lugar – com certeza a resposta imediata seria: no Canadá, ou será na Suíça? Pois é. Esse lugar existe e é aqui bem pertinho. Na represa que abastece Rivera de água. Um lado dourado rodeado de pinheiros é o sonho de qualquer casal romântico. Quem deve ter sofrido com isso foi Nélson que teve de curtir tudo isso sozinho. Eu na verdade estava do seu lado, mas sinceramente, não devo em nenhum momento suscitado qualquer tipo de desejo de sua parte. Mais feliz ficou Roberta e Tarcísio. Puderam curtir mo momento. Caiu a noite e tomamos o longo retorno de casa – no caso deles o hotel.

Segunda-feira, 18 de Agosto:

12h. 10min. Encostei o carro na frente do hotel para leva-los a rodoviária. Estavam de partida. A tristeza e melancolia eram gerais. A minha porque ficaria longe de dois amigos (com todo respeito à Roberta) pelo período de um ano mais ou menos e a do dono do hotel, por razões óbvias. Quase tive um colapso ao me deparar com um contingente monumental de malas e bagagens – era muito além do que meu carro poderia suportar. Foi necessário ajude de um taxista que lotou seu veículo com as que sobraram do meu.

12h. 28min. Eles embarcaram no ônibus, não antes de terem me dado aquele fraternal abraço de amigo e prometido que no ano de 2004 estarão aqui novamente para novas aventuras. Nélson disse-me que até lá conseguirá uma namorada para passearem de canoa no lado dourado da represa uruguaia com aspecto de cartão postal.

Match do mês no Bobby Fischer entre Vila Julieta e Parque do Sol


Feriado de 21 de abril. Tiradentes, Tancredo Neves – silêncio, nenhuma alma viva na rua. Pra completar ainda era sábado. Só que de repente, aí pelas 13 horas e alguns minutos começou uma movimentação atípica nas redondezas do Bobby Fischer Xadrez Clube(Hugolino Andrade,375), pessoas que até então não haviam sido vistas nas imediações. Gente de aparência humilde, porém bem apessoadas e trajadas como para passeio de domingo. Na verdade tratavam-se de amigos, parentes e até curiosos que compareciam no BFXC para assistir um desafio um tanto atípico. Ocorreria na sala vip do Bobby Fischer um apoteótico desafio de xadrez reunindo os campeões Haroldo Teixeira da Cruz e Rodrigo da Costa Pereira. O primeiro representando o Parque do Sol e o outro a Vila Julieta. Ambos são o que há de seleto e melhor em suas respectivas comunidades no que se refere à prática amadora do xadrez.
Marcado que estava para iniciar às 14 horas – o que na verdade não aconteceu, já beirava as três da tarde quando teve início o grande match de xadrez pra ficar na história recente deste sagrado e milenar esporte da inteligência em Sant’Ana do Livramento que já revelou grandes nomes e estes dois são promessas e aspiram uma vaga na seleção da cidade. Deste inédito confronto onde o bom e velho relógio de xadrez foi, em comum acordo, deixado de lado em nome da cordialidade tudo poderia ocorrer até mesmo grandes jogadas. E foi realmente o que aconteceu. Porém se engana aquele que pensar ter havido um grande vencedor – pois após duas vitórias para cada lado onde conforme ficou acertado seria declarado vencedor do match aquele que obtivesse três pontos numa melhor de cinco – a última eles empataram selando o confronto em 2,5 a 2,5. Uma verdadeira partida de cavalheiros.
Acompanhe como foram as partidas.
partida
início
término
vencedor
Cor das peças do vencedor

15:07
15:42
Haroldo Cruz
Brancas

15:47
16:20
Rodrigo da Costa
Negras

16:30
17:15
Haroldo Cruz
Brancas

17:35
18:13
Rodrigo da Costa
Negras

18:30
18:33
Empate
Houve sorteio e Rodrigo jogou com as brancas
Como se pôde observar – sempre o jogador que teve ao seu comando a iniciativa do lance inicial, ou seja, jogar no comando das peças brancas este venceu. Só na partida de desempate que isto não se evidenciou, onde em comum acordo, eles concordaram em deixar por empate.

COPA SANTANENSE DE XADREZ TRADICIONAL


E os graduados se enfrentaram num combate quente sob todos os aspectos. Como o regulamento do clube não admitia vitórias por “WO” – as partidas deveriam acontecer de qualquer maneira – faça sol ou chuva! Só que o mês escolhido não era o mais propício para prática do xadrez, muito menos do ritmo 120’x120’. O calor muitas vezes forçou que os jogos fossem disputados a partir da meia-noite e daí madrugada adentro.
Foram poucos os participantes – até porque muitos viajaram de férias com suas famílias. Mas os que se dispuseram a jogar não decepcionaram seus fãs. O que se viu foi um disputado e, mais do que isso, acirrado torneio onde eles se conheciam há muito tempo e não tinham muito a esconder.
Depois de três semanas – quatro jogadores chegaram à rodada final com chances de conquista do título. Mas apenas um dependendo das próprias forças. Os demais torciam por combinações complicadas. Valmir precisaria apenas vencer sua partida contra Félix e ser campeão direto. Mas lhe servia o empate até a derrota caso Oscar na mesa 2 não vencesse o professor Mário.
Foi uma rodada muito tensa. Valmir – que jogava de negras negligenciou completamente o interesse pela partida se dedicando a espiar o que desenrolava na mesa debaixo. Indiferente a isso Félix começou a empilhar peças sobre seu adversário e este nem aí. Como tinha tempo – não eram raros os momentos em que ficava sentado diante do confronto dos uruguaios. De tempos em tempos ele voltava ao seu jogo, dava uma olhadinha, e, como tinha duas horas para jogar – se lhe convinha fazia o lance. Isso deu fôlego para Félix que conseguiu uma vantagem significativa e de respeito. Aquele jogo ele não perderia, segundo seus cálculos.
Lá pelas tantas, Valmir vendo que poderia ser derrotado e sua chance, quiçá a única, decidiu fazer o lance e esperar que o relógio atingisse o limite de tempo que não precisaria mais se preocupar em anotar seus lances – os nefrálgicos cinco minutos finais demoraram quase 1 hora a chegar. Assim ele poderia imprimir seu ritmo frenético de “ping” e quem sabe induzir Félix a um erro – contaminando-o a também jogar rápido. Mas não foi isso que aconteceu. Félix com três peões passados, e bem: d6, e7 e rei em e6 o mate seria uma questão de paciência. Uma vez que o rei de Valmir estava preso em e8 e o mate seria em a8 de torre que tranquilamente aguardava o desenrolar dos acontecimentos em h5, mas esta casa estava muito bem protegida por um Bispo em f3 e com um peão em h2. Aí Valmir resolveu tentar desconcentrar Félix dando um xeque em g4+, rei foi para f6 e ele não se agüentou e promoveu seu peãozinho à dama em g1. Só que ele não lembrou que tirando o bispo da diagonal boa levaria ++ em h8 de Torre. Foi o que aconteceu.
Félix fez sua parte. Agora todo o desfecho do torneio estava na mesa dois. Se os amigos e compatriotas resolvessem fazer um jogo de equipe – ou seja, Mário entregar a partida para Oscar, este seria campeão. Mas não foi isso que aconteceu. O professor decidiu ir para cima e venceu sem dó ou piedade. Pior para Félix que mesmo vencendo ficou na quarta colocação pelos critérios de desempates. Pois os milésimos que necessitava estavam guardados e viriam de outra mesa mais abaixo – a três. Se Tiago vencesse Castillo e Diego a Eduardo seus buchols o conduziriam ao título – uma vez que os quatro ficariam com a mesma pontuação absoluta. Mas tudo saiu quase certo. Só não contava que Tiago perdesse.
Assim a classificação final ficou assim:
1. Valmir Souza.
2. Oscar Rodriguez.
3. Mário Peru.
4. Félix Maidana.
5. Roberto Castillo.
6. Flaco Eduardo.
7. Diego Pelaez.
8. Airton Costa.
9. Júlio Lito.

TIAGO SE SUPERA E VENCE TORNEIO: "ZEBRA?"

O jogador de xadrez é mesmo um personagem diferenciado. Engana-se aquele que pensar que ele troca qualquer outra atividade por um bom e disputado torneio e ainda mais se confirmaram presença os grandes rivais. Aí não tem outra. O programa, mesmo que seja um domingo de tarde, e carnaval, é dar de mão no inseparável relógio de xadrez, nas costumeiras peças, dar tchau para esposa, aos que ainda tem é claro – e rumar para o Bobby Fischer Xadrez Clube.
Foi o que fizeram alguns aficionados por este esporte, mas ao chegarem tiveram a notícia que o menino prodígio do xadrez *santanense (*quem nasce ou vive em Santana do Livramento é chamado de santanense), resolvera participar. Para uns uma motivação a mais. Para outros, desânimo total, porque já cansara de perder para ele. Mas independente disso, a verdade é que se formou um lobby entre os presentes do tipo: “um contra todos e todos contra um” e, de pacto tácito firmado, de forma informal é claro - o evento teve início.
Como havia um jogador de maior rating – logo o programa de emparceiramento (Swiss Perfect 98) o ‘jogou’ para mesa Um. Beleza pensou Tiago – fugi da fera que se chama Pablo Lara, um adversário de respeito que muitas vezes imporá derrotas até vexatória a ele. Para Tiago lhe tocou a mesa dois que ali jogou por três rodadas num total de nove no ritmo 15’x15. Empilhou vitórias. Só que não contava que na quarta rodada a sorte lhe premiara com um “presente grego”. Gritou o árbitro –“mesa 01, Pablo Lara contra Tiago Braz!” E a galera quase veio abaixo. Foram incontáveis minutos de muita algazarra – todos botando pressão nos únicos jogadores que tinham vencido todas as partidas e a hora da verdade chegara: o bom e velho tira-teimas.
A única vantagem que Tiago tinha neste momento era o fato de que Pablo verdadeiramente não é um jogador de ritmo rápido. Tampouco ele o era, mas estava mais acostumado neste tempo e poderia armar uma. Foi o que fez. Fechou a partida de tal maneira que Pablo teve que gastar muito tempo calculando seus lances. O plano deu certo. Com uma vantagem de quase dez minutos, Tiago ganhou a vida que pediu a Deus. Com os bispos de cores trocadas peões atravessados em “V” e trancados nas casas inversas do ataque dos bispos e também não permitindo que as torres ou os reis jogassem aquilo era um jogo de empate. Pois como diz o bom senso – em determinadas posições quem força, perde. Não é que um forçou – e mal. Pablo ficou entre o fogo e a frigideira – realmente numa posição delicadíssima. Tiago ficou com dois peões passados no flanco da torre da Dama, apoiado pelo Rei, sua Torre e ainda coroaria apoiado pelo Bispo. Não deu outra. Pablo se levantou, estendeu a mão esquerda e abandonou. A partir daí os fatos aconteceram dentro da normalidade. Tiago na mesa 01 sem ser ameaçado por ninguém. Ele fez 9 em 9. Campeão indiscutível. Esta foi a quarta conquista dele em seqüência. Uma dádiva para quem em dezembro de 2006 disputara de forma insignificante a Copa Santanense de Xadrez Pensado





Destaca-se um campeão de xadrez na Sarandi











Não é só no futebol que o Brasil tem seu rei. Na tarde deste último domingo, Rivera conheceu a mais nova majestade brasileira. Tiago Pereira Braz de 23 (foto ao lado na direita)anos só não fez mais pontos porque o regulamento assim não permitia. Ele simplesmente venceu todas as partidas disputadas despertando a atenção de todos que passavam pela Avenida Sarandi em uma pizzaria localizada bem no centro da cidade uruguaia – neste último domingo dia 2 de Setembro de 2007.Com a organização do Bobby Fischer Xadrez Clube de Santana do Livramento em conjunto com o Sarandi Universitário - os melhores enxadristas riverences mediram forças com a delegação brasileira integrada por apenas três representantes. Só que um deles valeu por todos. Tanto isso é verdade que não foram poucas as pessoas que passeavam e tiveram suas atenções despertadas por aquele rapaz bem apessoado junto à vitrine bem junto à calçada - sisudo e franzindo as têmporas. Só que o maior público foi o feminino – principalmente o da faixa etária entre os 12 e 14 anos. Difícil foi saber se estavam ali pela novidade de verem um torneio de xadrez naquele badalado local ou pelo jogador. A verdade é que ninguém ficará sabendo, pois outros dois brasileiros disputavam esta condição de galã: o cinqüentenário Schubert Duvald e Rodrigo Rodrigues de 20 anos. Diante uma platéia entusiasta – entre gritos, aplausos e “suspiros” principalmente das meninas, o campeão recebeu o troféu do arquiteto Diego Pelaez, representando o clube uruguaio Sarandi Universitário