segunda-feira, 14 de abril de 2008

Tiago da Show e vence 1º torneio de outono







disputado neste domingo no Bobby Fischer

Se dos 14 pontos disputados com 12,5 vencidos não correspondem uma superioridade convincente dificilmente alguém se atreverá dizer que o menino prodígio não tenha se redimido dos últimos fracassos। Tiago Braz só não correspondeu na última rodada porque o cansaço era visível e o adversário da vez era ninguém menos do que um montevideano de muita garra e - ao se depararem Brasil versus Uruguai parece que o castelhano ganha fôlego de leão ferido e tira coelhos da cartola que nem o mais catedráticos dos enxadristas acreditaria. Tiago Braz chegou na última rodada já campeão com 12 pontos com nada menos que quatro sobre os demais adversários mais chegados:Oscar Rodríguez, Fabián Rodríguez, Leonardo Martins,Pablo Lara, Messiânico e Diego Pelaez - todos com oito pontos e na alça de mira de Tiago॥ O evento foi disputado em sua totalidade sempre em duas partidas simultâneas e Oscar deveria vencer as duas partidas para forçar um desempate. Foi aí que prevaleceu a grande tarimba e experiência de Tiago - já no primeiro confronto forçou um empate deixa as coisas impossíveis para Oscar. Já com 12,5 ele se deu o luxo de entregar.
Quando o grande destaque da tarde caiu em si já era tarde. O atual campeão Departamental de Rivera - o arquiteto Diego Rodolfo Pelaez já não podia pelas próprias forças alcançar "Robin" o menino prodígio do Bobby Fischer que abrira uma larga vantagem de quatro pontos faltando duas rodadas - das 14 possíveis. Diego fez seu dever de casa - venceu suas duas partidas chegou a 10 pontos, mas insuficientes para chegar em Tiago que com 12,5 era louvado como "imperador césar" da tarde.Tudo isto foi válido pelo I Torneio de outono promovido pelo Bobby Fischer Xadrez Clube de Santana do Livramento que teve a presença de jogadores de todos os rincões, vilas e colégios de toda a fronteira totalizando 24 jogadores entre veteranos, jovens e crianças - disputado na tarde deste domingo dia 13 de abril.

sábado, 29 de março de 2008

XADREZ ERA UMA DAS ATIVIDADES PREFERIDAS DOS CAVALEIROS MEDIEVAIS, HÁ QUEM AFIRME QUE MUITAS BATALHAS FORAM ANTERIORMENTE PLANEJADAS NUM TABULEIRO

A história do xadrez mostra por que o jogo se tornou uma poderosa metáfora para quase toda atividade humana

O filho único de uma rainha na antiga Índia morre assassinado e nenhum súdito tem coragem de informá-la de que o trono não tem mais herdeiro. Um filósofo é chamado para resolver o impasse. Sua solução vem na forma de um tabuleiro quadrado – dividido em 64 quadrados menores e 43 figuras entalhadas em madeira – as peças de um novo jogo, o xadrez cujo objetivo é levar o rei à morte através do “xeque-mate”. O filósofo, após expor todas as regras minuciosamente – joga uma partida com um discípulo diante da rainha. Quando o jogo chega ao fim com um dos reis caído, ela compreende: “Meu filho está morto!”. Esta velha lenda sobre a origem do xadrez revela uma das características mais intrigantes deste jogo: o movimento regrado das peças nos limites geométricos do tabuleiro parece capaz de representar as realidades mais caóticas do mundo exterior – como o assassinato de um príncipe.
Com as regras um tanto diferente das atuais – estima-se que o xadrez tenha surgido na antiga Pérsia (Atal Irã) entre os séculos V e VI. Não tardou para que este novo jogo seja amplamente difundido após a Pérsia ter sida incorporada ao grande império Bizantino, chegando rapidamente à Europa medieval. Um tratado moral do monge Jacobus de Cessolis, no século XIII, tornou-se muito popular o uso destas peças de xadrez como alegoria da sociedade medieval. Aliás, os modelos das peças que se utilizam hoje seguem fiel o imaginário daquele tempo, há 800 anos: peões, torres, cavalos, bispos um rei e uma rainha.
No entanto, o xadrez com suas propriedades racionais foi o jogo preferido de iluministas como Voltaire e outros. Benjamin Franklin recomendava a prática do xadrez como atividades nobres para fixar valores morais e intelectuais como a perseverança e a precaução. O xadrez, portanto, serviu igualmente aos moralistas medievais e aos fundadores da revolucionária república norte-americana.
Há razões objetivas que justificam a universalização do xadrez como metáfora ou matriz para as mais diversas atividades comportamentais humanas. O resultado de uma partida de xadrez depende exclusivamente da habilidade dos jogadores. Trata-se, portanto, de uma atividade mental que exalta o livre-arbítrio – e não o acaso ou sorte. Também é uma atividade transparente em que toda a informação necessária para se chegar à vitória está colocada à vista de ambos os contendores - ao contrário, como por exemplo, do pôquer em que impera o blefe ou de outras atividades esportivas que dependem até do contato físico. E a despeito desta destreza – o xadrez é um jogo cujas propriedades matemáticas apontam para o infinito: depois de apenas quatro lances o número de configurações possíveis no tabuleiro chegam a 315 bilhões - e até o final da partida, este cálculo salta para uma progressão geométrica de trilhões, quatrilhões, quintilhões e aí por diante. Isto ficou muito bem claro no filme “O Sétimo Selo” - do sueco Igmar Bergman onde um cavaleiro joga xadrez com a morte fazendo alusão de que o xadrez é um flerte com o infinito. Daí a prática de se adotar o relógio de xadrez para limitar e determinar os finais das partidas.
Em casos extremos, o xadrez também é considerado como um namoro com a loucura. Tem-se registro de vários campeões de xadrez que se viram assolados pela doença mental. O austríaco Wilhelm Steinitz, cujo estilo científico foi inovador no século XIX chegou a afirmar que jogara com Deus e fora vencedor. Teve de ser internado em um asilo para doentes mentais. O caso mais famoso da loucura é o norte-americano Robert Fischer (Bobby Fischer) que faleceu recentemente em seu castelo na Islândia onde resolveu viver recluso e isolado do contato com o mundo. Fischer foi o caso clássico de um gênio que venceu sua primeira partida profissional aos 13 anos. Corria o ano de 1956 quando este menino se dedicava exclusivamente ao estudo dos problemas enxadrísticos mais intricados e tinha uma séria dificuldade em manter um diálogo, por mais curto que fosse, que não versasse o xadrez. Em 1972 tornou-se o primeiro enxadrista fora do eixo da grande União Soviética a se tornar campeão. Porém, após a vitória histórica sobre o russo Bóris Spassky Fischer se retirou da vida pública e se negou a competir e defender seu título mundial. Sua crescente instabilidade emocional chegou ao limite da paranóia que, em entrevista a uma emissora de rádio nas Filipinas, Fischer, em discurso nervoso e torrencial - manifestou seu apoio ao atentado que derrubou as Torres Gêmeas do 11 de setembro de2001.
Ainda não existe uma teoria convincente para explicar o grande número de “malucos” - entre os gênios do xadrez, porém é seguro e comprovado que este esporte por si só não é a causa destes fatos. Os estudos revelam o contrário – que o xadrez traz vantagens para seus diletantes. É, sem sombra de dúvidas, um método sem igual para desenvolver o raciocínio abstrato. O xadrez é como uma obra de arte – é um universo auto-suficiente contido em si mesmo e que, no entanto, pode presentear o mundo, pois, também é verdade que jogar xadrez é a última tentativa humana de conviver inteligentemente com o infinito.
CURIOSIDADES: o xadrez serve de modelo para as mais variadas áreas do conhecimento e inspira diversas obsessões.
· O xadrez é o jogo favorito dos pesquisadores da inteligência artificial. O sonho de construir um computador capaz de derrotar o gênio humano no tabuleiro tornou-se realidade em 1997 quando Deep Blue, da IBM venceu o campeão mundial Garry Kasparov em uma série de partidas.
· A santa Católica Teresa de Ávila, no século XVI, recorria ao xadrez para ensinar as disciplina da oração. Segundo seu entendimento – assim como era necessário arrumar as peças no tabuleiro antes de jogar, o fiel, neste caso o Cristão, deve antes de tudo cuidar das virtudes básicas.
· Escritores como Lewis Carroll e Vladmir Nabokov incorporam o xadrez em suas obras. O artista francês Marcel Duchamp, que por algum tempo trocou a arte pelos tabuleiros – também tinha uma apreciação estética do jogo. Insistia em afirmar que todos os jogadores de xadrez são artistas, cada um em seu estilo e forma.
· Se por um lado existem seus apreciadores – a história também mostra aqueles que vêem no jogo de xadrez algo danoso para fé e seus fundamentos religiosos – como foi o caso do sábio judeu Maimônides, o rei francês Luis IX (conhecido por São Luís) o aiatolá Khomeini do Irã e pelos talibãs no Afeganistão.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Fenômeno vence Robin no xadrez Clausula do Sarandi


Sete minutos e meio para acabar - o tempo não era preocupante e como a posição o favorecia de certa maneira ele poderia relaxar logo lembrou da ministra Marta Suplicy - pensou com seus botões seria um desrespeito levar ao pá da letra o que ela afirmou diante de milhões de telespectadores. Respirou fundo, deu mais uma olhada na posição das pelas e percebeu que a situação estava sob completo e absoluto domínio. Lá fora da cobertura a chuva aumentou forçando-o a recorrer ao casaco de abrigo vermelho de peito branco com o brasão das forças armadas que muito utilizou quando serviu o exército há uns anos. Hoje fica bem justo, mas ainda quebra o galho. Era apenas a segunda rodada no total de cinco do torneio Clausura de Verão na piscina do Clube Sarandi Universitário e haveria tempo de se recuperar caso houvesse algum desastre - o que não estava se compondo a situação no tabuleiro - pelo menos isso momentaneamente. Porém, dentro de toda sua timidez que lhe é peculiar até que se decidisse levantar, passar por todas as mesas, pedir a chave do carro para o Alexandre Cunha que naquela altura estava a baixo de mau tempo contra Flaco Eduardo. Até que isso acontecesse o tempo disparou e reverteu tudo no campo de batalha.
Vestiu, mas nem por isso sentiu-se melhor. Não acreditava no que via. De repetente tudo havia mudado. Olhou, ficou em pé, mudou de posição, procurou observar o tabuleiro sob diversos ângulos - até do ponto de vista do adversário, mas as notícias não eram das melhores. Por mais paradoxal que pareça houvera pedido o ataque, pois deixou Diego ganhar o entro e colocar um cavalo perigosamente em d5 ameaçando um duplo que ele não tinha como evitar. Pior. Não era só o duplo. Perderia não só a Dama, mas na seqüência a Torre, dois peões. Um verdadeiro massacre. Tudo por conta de um frio que chegara em fora de momento.
Aqueles sete minutos se transformaram em escassos três e 45. Pensou, visualizou e arregalou os olhos para captar o máximo de luz possível. Quem sabe houvesse uma escapatória. Encontrou. Mas nestes dezenas de cálculos o menino prodígio teria menos de dez segundos para vencer o atual campeão Departamental de Rivera. Pelaez o venceria, com certeza, mas não seria no tradicional xeque-mate. Sacrificou sua Dama pelo perigoso cavalo de Diego para dificultar um pouco as coisas e agüentou mais uns minutinho. Mas infelizmente para o menino prodígio santanense não foi suficiente estas tentativas - e teve que concordar com a sabedoria popular ..."Rei morto é rei deposto!" estendeu a mão trêmula e cumprimentou aquele que seria o grande campeão da noite.

sábado, 1 de março de 2008

Desfile de um campeão que तेवे....



































































Não só a noite deste último dia do mês de fevereiro foi especial - uma porque se repetirá daqui a quatro anos e outra pela chuva com frio। Na beira da piscina. O cenário será típico para um fracasso. Mas como já se vêem afirmando que o jogador de xadrez é um ser totalmente diferenciado de tudo o que se conhece. Há quem os chame de loucos, outros de até ETS. Independente do que se diga - a verdade é que com todas as adversidades homens valentes enfrentaram a chuva, o frio de 17 graus centígrados com uma sensação térmica que oscilavas nos dez quiçá até menos graus e foram prestigiar o tal torneio Clausura de Verão promovido pelo gerente Flaco Eduardo Mello do Sarandi Universitário na piscina do clube que administra há décadas.

No entanto todas as atenções não estavam apenas no menino prodígio santanense, mas do grande problema que Flaco tinha naquele momento. Com um isopor contendo, o que de longe se previu uns 25 quilos e meio do melhor chouriço de exportação que somente ele sabe onde comprar. Onde assa-lo. As churrasqueiras estavam todas inundadas. Foi chuva para "o personagem bíblico Noé sentir inveja". Marcado para iniciar exatamente as 21 horas deles (horário uruguaio de verão), os minutos foram passando e os dublês de gaúcho assador não encontravam solução - mas para piorar este quadro, as bolsas de carvão que eram de papelão haviam esquecido do lado de fora da Kombi do Sarandi. Agora sim. Tudo resolvido. Churrasco só se fosse numa parrijada lá no centro.

Foi aí que surgiu uma solução e não poderia ter vindo de uma das mentes uruguaias mais brilhantes. Não é prá menos que ele é o principal arquiteto riverense do momento, campeão departamental de xadrez e ainda sustentara o título de fenômeno. Disse Pelaez - "Flaco, tengo el telefono de una pizzaria de primeira, que te parece se llamo y encomiendo unas pizzas e está resolvido!" Todos concordaram e deram início ao grande embate, mas de olhos vidrados na mesa um onde estava Tiago Braz, este de cara pegou Alexandre Cunha que não lhe esboçou muitas resistências. Porém esta história começa a ter um desfecho diferente apartir da segunda rodada. Veja quem veio para mesa principal. O ninguém menos eterno fenômeno riverense e atual campeão departamental. Foi uma partida duríssima e prevaleceu a hierarquia. Diego Pelaez, com mais tempo de xadrez, mais títulos e tendo todas as energias canalizadas para si - não esqueçamos que estava jogando em solo oriental e este muitos dizem que é mágico e emana energias misteriosas ao seu povo.

Daí para frente Pelaez desfilou como uma moça em passarela de grande "desfile fashion" não tendo ninguém à sua frente। Flaco, Félix e outros tantos graduados tentaram, forçaram, mas Diego estava com seus neurônios calibradinhos। Os problemas começaram a aparecer a partir da quinta rodada - a que seria a última. A turma tinha a expectativa do jantar - aquele bom e velho pão com lingüiça, na farinha ou pura mesmo. A fome começou a enfraquecer o pessoal. Mas foi aí que uma luz de uma moto adentrou sarandi adentro trazendo a bendita pizza encomendadas pelos anfitriões. Nossa. Eram de pesto com atum, calabresa, frango catupiri, portuguesa, mussarela e uma especial só para Diego - de figos turcos com champignon Catupiri e muito orégano. Nossa uma festa. A turma antes de jogar a ultima ronda se acatou a comer como desesperada. Diego pôde saborear este petisco sozinho porque ninguém entendeu que "gororoba" era aquela e sem se atreveu a pedir uma prova. Tanto vai. tanto vem que o celular que estava em sua barriga começou a vibrar e .... foi atender longe e em local reservado....
no celular éra Wanderley Cardoso
Mas toda sua gula tem seu preço e este foi cobrado de Diego। Sabe quem apareceu de última hora - um personagem que teve em mente manter uma conversa reservada e em particular com Pelaez। O que estavam conversando - isso ninguém se atreveria perguntar, mas como a rodada, esta sim a última, já em andamento e os relógios seguiam seus cursos enquanto Diego "conversava com tal de Wanderley Cardoso"। Ficou com WV quase quinze minutos o tempo mais do que suficiente para perder a concentração। Esta partida ele perdeu para Alexandre Cunha, mas como tinha "gordurinhas” de sobra como um urso polar quando vai hibernar" Diego sagrou-se o grande campeão da noite e o pessoal teve suas expectativas de linguiçada transformada em pizzas। Nada mal para uma noite de ano bissexto, debaixo de um temporal, frio, telefones celulares tocando - das esposas reclamando a demora dos parceiros। Flaco ao encerrar deixou agendado um torneio para usar aqueles vinte e tantos quilos de lingüiça que não foram assadas - será dia 28 ou no Sarandi ou no Bobby Fischer।
CLASSIFICAÇÃO FINAL
Categoria de Graduados
1)Diego Pelaez
Sarandi Universitário
4 pontos
2) Flaco Eduardo Melo
Sarandi Universitário
4 pontos
3) Tiago Braz
Bobby Fischer
3 pontos
4) Félix Maidana
Bobby Fischer
3 pontos
Categoria intermediária
1)José Messiânico
Bobby Fischer
3 pontos
2)Alexandre Cunha
Bobby Fischer
3 pontos
3) Federico Midana
Sarandi Universitário
1 ponto
4)Alcides Paz
Bobby Fischer
0 ponto
Categoria Mérito Militar
1)sargento Ivan Ferreira
Bobby Fischer
2 pontos
2)cabo Adriano Machado
Bobby Fischer
2 pt

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A volta do menino prodígio ... em noite de ano bissexto


Depois de exatamente um ano sem saber o que é uma vitória no xadrez - o "Robin ou simplesmente menino prodígio santanense" ´vê-se diante de sua grande chance para redenção e afastas de vez a má fase.
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O ano 2007। a data, 28 de fevereiro. Pois é - ontem aniversariou o último título conquistado por Tiago Braz - numa seqüência espetacular de sete seguidos no circuito Sarandi Universitário das piscinas daquele verão. Ele se inscrevia já com o troféu de campeão debaixo do braço, tamanha era confiança na conquista. Estava realmente num período memorável e não havia cristão que lhe sequer arriscasse chegar perto de lhe aplicar um simples "xeque", mesmo que fosse frio - voador, mas nem para isso ele dava folga. Iniciavam as partidas e pimba - ele punha toda suas peças para cima da defesa adversária e o xeque-mate era uma questão de detalhes - o que na verdade muitas vezes não ocorria, pois o adversário percebia, isso quando, e abandonava.


Isso ocorreu há um ano. A noite de hoje será especial. Não só porque é uma data de ano bissexto, mas sobretudo marca o retorno daquele que um dia foi sonho e ídolo de toda criançada - esperança de uma cidade inteira em ter um ídolo há muito perdido ou quem sabe jamais teve. Alguém que use o cérebro, a inteligência e jamais a violência ou estratagemas para vencer ou iludir aqueles maios humildes e desavisados.
Na sede campestre do Clube Sarandi Universitário acontecerá esta grande volta a partir das 20 horas onde a concentração da caravana brasileira marcada para sair exatamente 19:30 pela hora brasileira em frente do Bobby Fischer que fica no número 375 da rua Hugolino Andrade. O torneio Clausura II será apenas para o público adulto e é uma promoção do gerente geral do Sarandi Universitário Flaco Eduardo Melo. As inscrições serão gratuitas e poderão ser efetuadas no local ou nos promotores. Para marcar esta grande noite, Eduardo brindará os enxadristas com uma grande rodada de chouripan.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

NOMINATA DA DIRETORIA Bobby Fischer Xadrez Clube

























"Textos jornalisticos de cunho informativo, interpretativo, narrativo - num estilo próprio e singular de um jornalista que entende que o jornalismo acima de tudo deve trazer prazer ao leitor e nunca chocá-lo, por mais dura e cruel que venha ser a ocorrência e o acontecimento em questão!"
UMA PALAVRA DO AUTOR

“Este livro foi criado para todos que gostam de ler uma bela literatura policial narrada de uma forma envolvente, vibrante e muitas vezes bem humorada. Aqui mostrarei a seleção de alguns casos que nortearam minha vida profissional na esfera do jornalismo policial - todos verídicos, só tive o cuidado de trocar os nomes reais dos protagonistas por personagens fictícios. Aqui você, estudante de comunicação, professor, colega jornalista ou simples leitor - encontrará diversão, entretenimento e cultura numa forma diferente de encarar o texto jornalístico. Os casos aconteceram em Santana do Livramento no Rio Grande do Sul e Rivera, no Uruguai. Portanto não deixem de acompanhar este precioso trabalho que invariavelmente revive o romantismo do jornalismo dos anos 50/60 e 70 um período mágico para o jornalismo gráfico, onde literalmente os jornais raramente sobravam nas bancas e eu tive o privilégio de compartilhar destes momentos quando trabalhei na saudosa Folha Popular. Hoje, porém, apesar de toda a tecnologia à disposição dos profissionais nas mais diversas áreas - nada, absolutamente nada, jamais substituirá o talento daqueles que veneram um belo texto considerando-o como uma arte, sem perder, no entanto, o formato jornalístico.”

Jornalista PEDRO NICOLA (registro 6300 FENAJ, graduado na Faculdade de Comunicação da UNISINOS em 1986).
Contato e sugestões jornalistanicola@hotmail.com
Pedro.nicola@ufo.com.br


Operação Cavalo de Tróia


Tarde do domingo. Outono, quase primavera. Céu azul com poucas nuvens e clima ameno. Temperatura agradável – 18 graus centígrados, na sombra um pouco menos. De repente começam a chegar carros de marcas, homens trajando ternos escuros do modelo “Al Capone”, aqueles riscados de giz, acompanhados de suas mulheres ostentando grandes chapéus com plumas. Um observador desatento dificilmente acreditaria que aquilo estava acontecendo em Santana do Livramento e, em especial, no Jóckey Clube do registro. Finais dos anos 80. Era dia de grande prêmio do turfe local e nada menos do que os melhores cavalos e seus jóqueis estavam ali e a disputa prometia. Havia muita rivalidade, principalmente entre os proprietários dos animais que investiam verdadeiras fortunas.

A bolsa de apostas corria solta e invariavelmente não se ganhava muito dinheiro porque em geral os favoritos venciam os páreos. Os chamados azarões eram raros e quando se apostava em um – normalmente era dinheiro perdido. Até por isso que ninguém se arriscava. Era tempo de inflação galopante e mais valia uns trocados no próprio bolso do que no do alheio.

16 horas e o alto-falante anunciou a relação dos competidores para o primeiro páreo do dia. Sem muitas surpresas – os jóqueis eram todos conhecidos, com exceção de um pequeno e minguado “guri” de cabelos curtos, grudados na cabeça, olhos esbugalhados negros como a noite e pernas finas como um junco. Vinte minutos mais tarde um a um eles se dirigiram para o ponto de partida. Talvez por não ser conhecido o aprendiz de jóquei foi colocado na pior raia. Apostas encerradas – vai ser dada a largada. Mil e cento e oitenta três metros. Esta seria a distância a ser percorrida.

Agitação na platéia – o momento se aproximara. Partiram. Apesar da chuva de dois dias atrás a pista estava seca e relativamente rápida. Para os animais mais leves esta era uma boa notícia que até poderia se converter em alguma vantagem. 12 animais rasgam a reta praticamente juntos e assim permanecem por grande parte do percurso. Os favoritos não estavam decepcionando e aos poucos foram ganhando vantagem. A vitória de um deles seria razoavelmente lógica – restava saber qual deles seria o vencedor. Uma questão de tempo até que os apostadores retirassem no guichê suas cotas de apostas. Já se cumprimentavam e até intencionavam abrir uma cidra de maça para comemorar mais um feito do cavalo tordilho de nome Alazão que pertence a um renomado e rico fazendeiro dono de haras em Bagé e que jamais havia perdido uma carreira.

Chegaram à última curva – pouco mais de cem metros no sentido anti-horário até entrarem na reta final. Tudo dentro do roteiro, os favoritos na frente seguidos pelos demais. Na tribuna de honra, de repente tudo em silêncio. O que estaria acontecendo. Como num passe de mágica tudo ficou esclarecido deixando até os mais otimistas boquiabertos. Quando tudo parecia sacramentado – uma égua pangaré de pelagem dourada fez uma das mais sensacionais arrancadas da história do Jóckey Clube. Parecia que tinha asas nas patas, tamanha era a leveza com que percorria os metros finais. Houve até um torcedor que gritou: - “Ela deveria ser multada por excesso de velocidade!”. Por sorte a vitória não foi muito apertada, pois se dependesse de alguns recursos tecnológicos para resolver uma eventual chegada cujo vencedor aparentemente não pudesse ser detectado visualmente a olho nu – isso seria um problema, uma vez que a direção do Jóckey Clube não tinha – tampouco esse recurso moderno.

“Cruzam a linha final”, gritou o entusiasta narrador e sua voz retumbou até nas casas próximas ao Jóckey clube. Houve invasão de pista – confusão generalizada. Todos queriam conhecer o garoto. Os repórteres de rádio se acotovelavam buscando uma entrevista exclusiva ocasionando uma maçaroca de fios estendidos ao longo da pista. Sua foto foi estampada na primeira página dos jornais de Livramento e Rivera. Quando a cidade vizinha descobriu que ele era uruguaio reivindicou a glória o chamando de “el fenômeno” e “el orgullo de Rivera”. Recebeu inúmeros convites para participar de programas na emissora de televisão local, foi recebido pelo intendente de Rivera e chegou a participar de jurado num concurso de mis num clube do Uruguai. Até aí tudo normal – só que a tietagem jamais imaginara que diante deles tinha um personagem que seria o símbolo e orgulho do povo santanense – quiçá gaúcho. Depois desta apoteótica participação ele ainda venceu muitas outras corridas – aqui em Livramento e no exterior. Tornou-se um jóquei cobiçado. Isso o valorizou transformando num profissional caro.

A pergunta a ser respondida era uma só. O que estaria fazendo aquele homem de óculos escuros, gabardina com a gola levantada até altura das orelhas e carregando uma mala preta que andava num Mercedes prata, ano 1979 modelo 80, com placas de Montevidéu e cercado de seguranças, três para ser mais exato. Ele despertou a curiosidade do público que esteve no hipódromo do registro no dia 23. Naquele domingo todas as atenções estavam voltadas aos páreos finais em especial aos animais de um famoso haras de Bagé. No entanto o que atiçou a cobiça deste misterioso visitante foi a égua tostada de João Quintanilha que havia dado o show na raia do hipódromo vencendo espetacularmente os grandes favoritos e acabou sendo objeto de um grande acontecimento de repercussão internacional.

O ser, segundo circulou o comentário entre a crônica especializada que cobria o grande acontecimento do ano - estaria disfarçado de "olheiro estrangeiro" e desembarcara para conferir se tudo aquilo que circulara a respeito dos cavalos bajeenses - era verdade e se assim fosse, seria um grande negócio e a viagem não teria sido em vão. Porém o que presenciou ao final do último páreo - aquele animal que registrou a maior vantagem sobre seus adversários numa corrida na história do prado de Livramento logo deixou o inusitado visitante com coceira nas palmas das mãos. Só que jamais houvera imaginado que invés dos cavalos tão decantados do haras de Bagé lhe chamara atenção uma jovem pangaré.

Não tardou para colocar seu plano em ação. Discretamente orientou para que um de seus "capangas” abordasse Quintanilha e lhe entregasse um cartão de visitas com um número do quarto de um hotel em Rivera com hora e dia marcado: 18h00min de segunda-feira, 31 de outubro. Ainda sem saber do que se tratava o pecuarista e criador de cavalos santanense teve uma semana de muitas dúvidas e aflições. Não tinha a menor idéia do que se tratava, mas mesmo assim resolveu aceitar o convite.

Até este momento ele não havia relatado o ocorrido para ninguém. Resolveu encarar o mistério sozinho. Chegou até em pensar convidar um amigo, colocar seu revólver na cintura e se precaver. Porém a prudência falou mais alto e foi sozinho. Vestiu sua melhor roupa – a que lhe cabia no momento, uma vez que o passar dos anos lhe conferiu alguns quilos a mais e um volume considerável no perímetro da cintura. O cinto quase não fechou – somente foi possível quando sua esposa fez um último furo na extremidade. Para sua sorte fazia calor e ele conseguiu disfarçar as mangas que estavam curtas – dobrando-as.

De barba feita, pegou a carteira com imitação de couro de jacaré, deu mais uma olhada atentamente no cartão que recebera, fitou por alguns segundos e tratou de subir em sua camioneta branca. Apesar de ser um homem vivido e experiente sua mão tremia - dificultando a colocação da chave de ignição no local. Como num passe de mágica depois de ligar o motor ele se acalmou e pôde dirigir até o hotel. Estacionou na frente e foi abordado pelo manobrista, não ligou, fechou o carro, acionou o alarme e adentrou no recinto. Logo pensou - "o homem é exigente, gosta do que é bom, o lugar é grãnfino". Passou pela portaria e quando ia entrar no elevador foi abordado pelo mesmo personagem que lhe entregara o cartão naquela tarde de domingo avisando que seu patrão o aguardava na sala vip.

Sorriu meio sem graça para o sujeito que mais lembrava um agente secreto de filme e seguiu as orientações. Em passos firmes e respiração apertada – o espaço de pouco mais de 15 metros jamais lhe parecera tão longo. Ao passar por uma porta de vidro finamente decorada - ali estava um indivíduo, que mesmo sentado aparentava medir entre 1,85 ou 1,90 metro de altura - tomando um uísque e comendo azeitonas. Cabelos grisalhos e lisos pesteados para trás, óculos Ray-ban verde, vasto bigode e um terno preto com gravata branca - aquele homem parecia ter muito poder. Convidou-me para sentar e foi direto ao assunto. Alegou estar representando os interesses de um jóckey Clube na capital uruguaia e desejava levar o puro sangue para Montevidéu. João Quintanilha teve muitas dúvidas e levou um susto ao se virar para o lado direito para cruzar a perna e se deparar um homem todo vestido de branco com gravata borboleta vermelha. Era um garçom que lhe ofereceu uma bebida. Resolveu aceitar – uma vez que era cortesia. Pediu um gim com tônica rebaixado com água mineral e muita pedra de gelo, para acompanhar perguntou se o restaurante servia salmão com nata e Panzerotti Mussarela. O garçom respondeu afirmativamente, mas ficou em dúvidas se o cliente queria salmão chileno ou poderia ser nacional. João, que nunca tinha comido esta iguaria, pois pediu porque viu recentemente na novela das oito e achou que impressionaria o homem misterioso – escolheu a culinária chilena.

Antes de trazer o pedido, o garçom educadamente perguntou se não seria mais conveniente passar para o restaurante porque o que Quintanilha pedira era uma janta e não um petisco. Sem entender o que se passava, sacudiu os ombros e deixou a decisão para o anfitrião. Porém tinha um problema. O restaurante só abriria às 20h00min e ainda faltava quase duas horas. Então resolveu pedir turfas e o garçom mais uma vez interviu perguntado se não preferiria pedir trufas. Meio sem jeito João Quintanilha perguntou a diferença. – “Se o senhor quiser comer adubo eu posso tentar conseguir, mas eu aconselho que peças trufas que em verdade é um cogumelo preto, parecido com fungo, que cresce debaixo da terra, o senhor decide!”. Foi aí que Quintanilha sentiu mais vergonha e deixou para lá. “Pode me trazer azeitonas com pepino, mesmo!” Refeito do mal entendido conversaram praticamente de tudo, mas o tema principal seria abordado no jantar com toda calma.

Chegou o momento nevrálgico e João Quintanilha sentiu-se pequeno ao lado daquele homem que descansara o braço direito em seu ombro como bons e velhos amigos e caminharem tranqüilamente em direção ao restaurante – sempre acompanhados à distância segura pelos três seguranças. Procuraram refúgio no andar superior do restaurante onde teriam mais privacidade para conversar e quem sabe fechar questão no negócio do cavalo. Antes que o prato principal fosse servido – ainda repetiram a rodada de aperitivos.
45 minutos foi o tempo necessário que o "maitre" precisou para trazer a refeição. O Pecuarista e criador de cavalos tomou um susto ao ver aquele peixe de carne rosada de considerável tamanho regado com molho branco que lhe parecera uma delícia, imaginou se agüentaria comer tudo aquilo. Mas não parou por aí – a seguir o outro garçom depositou à mesa o famoso Panzerotti Mussarela – que na verdade não passa de pastéis italianos com queijo mussarela, tomates frescos e manjericão. Sentiu vergonha ao ver o que serviram ao companheiro, apenas um bife com batatas fritas, salada russa e uma porção de arroz integral. Para beber pediram ao “Sommelier” que lhes apresentassem a carta de vinhos. Por fim concordaram em dividir um branco seco de procedência chilena.

A negociação não foi muito difícil, pois apesar da aparente baixa do dólar, as verdinhas ainda têm os seus poderes e quando tudo parecia mesmo empacar na burocracia da papelada para transladar o cavalo para Montevidéu - o homem, num estalar de dedos ordenou que lhe trouxessem uma pasta preta onde tirou alguns papeis. Para seu espanto, o cara era influente e tinha pensado em tudo, até nas guias de viagem internacional do cavalo. Só faltavam alguns atestados de vacina - coisa fácil de conseguir e pagar algumas taxas no banco. Ordenou para o sujeito de óculos que por vezes fazia o serviço de segurança fosse até o caixa 24 horas próximo dali e efetuasse a transferência do dinheiro correspondente ao pagamento do imposto de importação. Como se sabe hoje em dia, depois da criação dos códigos de barras tudo ficou fácil, ainda mais para quem tem dinheiro na conta corrente.

João Quintanilha estava curioso era com a pasta que o capanga ostentava. Devia ser os cobiçados dólares. Poucos minutos foram necessários para que o copinha retornasse com tudo pago. O homem trocou os óculos Ray-ban por um de grau e verificou se tudo estava nos conformes. Acenou afirmativamente com a cabeça, abriu um vasto sorriso mostrando um grande dente de ouro. Chamou o homem que segurava a mala e mandou que abrisse. “Nossa, pensou João Quintanilha, deveria ter uns 30 mil ou mais dólares ali”. Chegou a ficar ofegante e perguntou se tudo aquilo era só para pagar o arrendamento do animal. “Não, disse o rico senhor – a intenção era comprar e para isso estava disposto a pagar nada menos que 100 mil dólares em dinheiro vivo”.

Quintanilha quase teve um colapso nervoso. Pensou estar sonhando e chegou a suar frio. Perguntou sobre o fechamento do negócio quando se daria. Já, disse o homem, assim que entregasse o cavalo a ele. Como tem acesso livre às cocheiras, pois são de sua propriedade e prontificou a embarcar logo o animal. Então vamos, disse. Antes, porém pegou seu telefone celular e ligou para o tratador para pedir que os aguardassem, mas prontamente foi desencorajado pelo comprador.

Em caravana seguiram para o hipódromo. A noite estava escura. Era lua nova. Os três carros irromperam a fronteira com a camioneta do entusiasmado João na frente tendo o Mercedes atrás e um BMW preto com um reboque para carga viva fechando a fila indiana. Era por volta da uma e meia da madrugada – e a rua estava deserta. Nenhuma alma viva para testemunhar o maior negócio da vida de João Quintanilha. Seguiram pela rua lateral e entraram pelo portão secundário – eram mais seguro e discreto, conforme tinha recebido orientações do comprador. Apenas a camioneta do Quintanilha entrou no recinto – os dois automóveis de luxo permaneceram lá fora. Naquela hora nem o tratador dos cavalos estava acordado e o animal foi retirado da cocheira com toda a tranqüilidade e discrição. O embarque teve apenas um contratempo. O bicho ficou assustado e resistiu subir no reboque – quem sabe desconfiando de alguma coisa.


Empurra daqui, puxa dali e o animal finalmente subira. Bem agora tinha que pegar a mala com as verdinhas. O negócio foi concretizado no banco detrás do Mercedes onde além da mala contendo os dólares, o homem entregou a ele um envelope pardo contendo, segundo afirmou, a cópia dos depósitos e toda a segunda via da documentação de transferência. Ele nem ligou, na verdade queria mesmo era chegar em casa e contar a novidade à sua esposa.
Apertou a mão do homem e, antes de dizer adeus e obrigado – perguntou o seu nome. “Apenas um amigo”, recebeu como resposta e não ligou. Colocou a valise em seu lado no banco da camioneta, fez menção de abrir o envelope, mas logo desistiu. O mais importante não era isso. Rumou direto para casa e no trajeto sonhou - “100 mil dólares... o que farei com todo esse dinheiro?” Entrou em casa buzinando e acordou não só a esposa, mas os dois filhos, o gato e os cachorros que fizeram a maior algazarra. Ninguém dormiu mais naquela casa. E a ansiedade tomou conta de todos. Chegou finalmente a manhã e com ela o sol, muita claridade e uma certeza. Aquela mala que estava em cima da cama de casal merecia ser homenageada com um belo churrasco e um uísque importado. Pensou em convidar uns amigos. - Antes decidiu trocar uns dólares lá em Rivera. Abriu novamente a valise, pegou o que lhe parecera uns mil e quinhentos e foi até um cambista conhecido seu. Estava realmente muito nervoso.

Sem descer do carro – agora deixara sua camioneta em casa para sair no Santana, encostou-se ao meio-fio e acenou para o cambista. Como de costume foi atendido prontamente - entregou o bolinho de dinheiro e ficou esperando. Separou 200 dólares para gastar em Rivera onde compraria duas ou mais garrafas de uísque conforme o preço. O restante em Cruzeiros serviria para pagar integralmente a fatura de seu cartão de créditos. De repente o cambista voltou, fez a volta do carro entrou e sentou. Perguntou com toda cancha que lhe é peculiar sobre a procedência daquele dinheiro. João já meio vermelho lhe contou a história e descobriu que todos os dólares eram falsos – uma verdadeira obra de arte.

“Meu Deus... e agora, cai num golpe como um verdadeiro otário, o que vou contar em casa, como vou encarar minha família” – pensou ele com seus botões. O cambista o aconselhou a procurar a polícia, mas não sem antes consultar um bom advogado e de preferência com livre trânsito nos dois países. Totalmente desolado João Quintanilha logo se lembrou de um advogado amigo seu que era sem-vergonha de dar pena e até por isso não podia entrar no Brasil. Era um profissional tarimbado e que tinha contatos nos dois lados – na esfera legal e no submundo. O personagem ideal e ainda não era muito caro seu serviço, quem sabe até pela amizade e alguns segredos em comum ele poderia trabalhar de graça.

Sabia onde podia encontrá-lo. Com pontualidade britânica era sempre visto tomando chope num barzinho próximo da junção da Avenida Brasil e a Rua Cuaró em Rivera por volta do meio-dia. Um local lá não muito recomendável. Mas João Quintanilha não estava em situação de fazer julgamentos. Ele precisava era de ajuda. A esta altura dos acontecimentos – as família dele já estava sabendo do grande golpe e o desespero foi geral. Procurou manter a calma e relatou todos os fatos ao advogado que era conhecido pela astúcia e facilidade de resolver casos difíceis. Este era um desafio típico para o doutor Nestor, esse era seu nome. Após ouvir tudo se interessou pelo caso e marcou uma hora em seu escritório. “Compareça hoje às 16h00min, mas não se esqueça de levar a mala do dinheiro e os documentos”.

João Quintanilha não quis nem almoçar – chegou em casa tomou uns goles de uísque nacional no bico que chegou a lhe queimar a garganta abaixo, lavou o rosto e foi até o quarto. Permaneceu minutos a fio parado, olhando para mala e sentiu-se um verdadeiro otário. 15h20min, não quis esperar mais. Fechou a mala com alguma dose de violência - fato que não lhe era peculiar, pegou juntamente com o envelope pardo que ainda não tivera oportunidade e agora nem vontade de abrir e foi ao encontro do advogado.
Número 1214 da Rua Ituzaigó em Rivera, onde seria, pensou. Era contramão e ele teve que dar uma grande volta e procurar o endereço lá do início. Números pares são do lado direito – deve ser por aqui. 503... Mais adiante, 600 e alguma coisa, seis quadras adiante 1118. Só pode ser na última quadra. Dito e feito. Ao escritório do doutor Juarez ficava próximo do Parque Internacional na divisa entre os países – um local estratégico para um advogado da estirpe dele.

Casa cinza, pintura descascada com apenas uma porta. Estava ali para isso, resolver seus problemas – ou tentar pelo menos. Subiu uma escadaria íngreme de uns 30 degraus num ângulo de 45 graus ou mais – e chegado lá encontrou o dito cujo operando um computador que em tudo contrastava com o ambiente. Como já soubera do assunto - o doutor Nestor tomou algumas providências e adiantou um pouco o serviço. Abriu num programa secreto da polícia uma série de figuras que seriam montadas para a caracterização do retrato falado do indivíduo. Só que não foi possível.
Por um grande golpe do acaso – João no momento em que intencionou usar o celular para avisar o tratador naquela madrugada fatídica, sem querer acionou a câmera e acabou tirando várias fotos do suposto comprador, fato que veio descobrir mais tarde. Sorte que a ação passou despercebida, pois imagine qual seria a reação do homem misterioso caso ao menos desconfiasse, comentou o advogado com João.

A partir daí identificar o falsário era uma questão de tempo. O advogado com toda a sua experiência não acreditou que aquele homem nas fotos era real. Supunha que fosse um disfarce – ou o bigode era falso, o cabelo ou quiçá tudo. Aos poucos, usando os recursos do programa exclusivo do setor de identificação da CIA norte-americana que conseguira sabe-se lá como, Nestor foi retocando as fotos. Apesar da penúria do local onde estabelecera seu escritório – ele tinha acesso aos arquivos secretos da polícia uruguaia e muitas informações confidenciais.

A cada mudança de fisionomia no melhor estilo camaleão, o programa comparava o rosto com milhares de ícones de bandidos fichados do mundo todo. Foram horas de muito trabalho – até que finalmente conseguiram identificar o tal sujeito. Era ninguém menos que Héctor Vasquez, um procurado traficante colombiano e que estava aplicando golpes comprando imóveis e animais de raça para lavagem de dinheiro. Tudo bem, disse João ao advogado – sabemos quem é a figura, mas e daí! Isso por acaso vai devolver meu cavalo? Ter o teu animal de volta creio que será muito difícil e me arrisco dizer que será praticamente impossível. Sabe-se lá onde anda o cavalo – é provável que nesta altura dos acontecimentos deva estar a caminho de alguma fazenda lá pelo Mato Grosso, Bolívia ou até mesmo na Colômbia. Porém conheço uma forma de pelo menos não saíres com o prejuízo muito grande como parece que vais ter, enfatizou Nestor.
O advogado pegou a pasta – abriu e alisando aqueles dólares todos disse conhecer um camarada que poderá esquentar as verdinhas! Só tenho que me certificar se o contato não está preso. João meu velho – nem sabe o tesouro que tens em mãos. Não é pó, mas vale tanto quanto. Acontece que as cédulas foram bem feitas, falsificação de primeiríssimo mundo, e facilmente são confundidas com dinheiro verdadeiro. Topas arriscar? Como funciona este negócio, perguntou João Quintanilha.

É simples – existem duas maneiras. A primeira e mais arriscada é tentar vender o dinheiro para um grupo rival de Héctor. Só que aqui além de arriscado o lucro é pequeno. Geralmente pagam apenas 10 por cento do que vale. Neste caso apenas 10 mil dólares. Descontando a viagem de Nestor Acácio, sua comissão e a minha tu ficaria, com muita sorte, com apenas cinco mil. Existe outra artimanha – muito menos arriscada, mas demorada. Esta consiste na compra de uma fazenda de gado e revender. Assim pode-se até dobrar o capital investido. A escolha é tua o dinheiro é teu.

João Quintanilha hoje, passados vinte anos do fatídico acontecimento, é dono de belas fazendas com muitas cabeças de gado, lago com carpas japonesas – prosperou e tem uma vida estável. Não se envolve mais com cavalos de corrida, desenvolveu um laboratório para estudo e melhoria genética de gado para exportação. Segue afirmando que tudo que adquiriu foi graças a uma grande herança recebida e da sorte.

ACREDITE QUEM QUISER.

Quanto ao advogado Nestor acabou se elegendo deputado federal no norte do Brasil por um renomado partido já extinto - comprou alguns lotes de terra de alguns grileiros e assentou os familiares do amigo Nestor Acácio que lidera as invasões do MST. Este, por sinal, por força do hábito já invadiu duas fazendas de Lázaro em Goiás.


Caso hilariante

ESTAVA TRANQÜILO EM CASA BEBENDO
QUANDO É APUNHALADO NAS COSTELAS



A Vila dos Esteves - situada próxima ao Cerro do Estado e bairro Bício na cidade uruguaia de Rivera, não é mais a mesma. Durante décadas a fio - os moradores desta localidade se habituaram a ‘ditar as próprias regras e leis’, no melhor estilo das favelas cariocas do Rio de Janeiro. Dificilmente alguém, de sã consciência, se atrevia desobedecer ao comando dos líderes, sob pena de terem a lápide de seus túmulos escrita com o próprio sangue. A animosidade fica evidenciada logo ao se chegar próximo da referida vila. Becos estreitos e ruelas apertadas compõem um verdadeiro labirinto onde muitas vezes nem a polícia costuma se aventurar à busca de eventuais suspeitos. A proteção é quase perfeita e a paz reina relativamente tranqüila para os moradores deste ‘condomínio favelar’.
No entanto, este cortiço tinha uma falha. Na escala de um dos guarda-costas do chefe maior, a figura de um personagem de 18 anos – minguado, esquálido, esguio e seco como um junco serpenteou por entre as capoeiras e adentrou incólume no recinto rompendo uma tradição que duravam anos a fio. A última vez que isso havia ocorrido foi quando Pantaleón Castillo de 33 anos havia deixado a Penitenciária Federal do Uruguai e resolvido estabelecer seus domínios por ali.
Acostumado à rotina diária da prisão onde fora ‘hóspede’ durante sete anos, acusado e sentenciado por roubo à mão armada que foi, Pantaleón, próximo das 20 horas, acabara de levantar da sesta e tomava tranqüilamente sua ‘branquinha com limão e açúcar’ para curar o mau-hálito e abrir o apetite, pois a janta se aproximara e ele sequer imaginava o que o futuro lhe reservara. Na modesta casa com apenas um cômodo, chão batido de quarto/sala – vivem nada menos do que cinco pessoas, ele, a esposa e três filhos menores.
Foi neste ambiente de escassas dimensões que um visitante inesperado e desconhecido, à noite, resolveu dar o ar de sua graça. Apesar da completa penúria em que vivem – em cima da mesa existe um velho relógio despertador. Este marcava precisamente 22 horas quando o lampião a querosene pendurado no forro da palhoça atestou a silhueta de uma figura estranha postado na porta. Como o lugar é relativamente apertado e dimensões diminutas – à proporção que chegam visitas, alguém tem que sair da ‘sala’; foi exatamente isso que fez Maristela Castillo. Ela pegou os filhos e aguardou do lado de fora o desenrolar dos fatos.
Tal qual foi sua surpresa quando percebeu que o sombrio visitante recém chegado permaneceu por ali apenas escassos minutos. O que teriam eles conversado – pensou ela; talvez negócios. Esta hipótese logo foi descartada, uma vez que Pantaleón não estava trabalhando tampouco intencionava fazer. O mais espantoso para Maristela, porém, foi a velocidade com que aquele sujeito saiu de sua moradia. Imaginou que Castillo havia dado mais uma de suas ‘tradicionais duras’ no pessoal que costumava não se comportar por ali. Entretanto, para sanar todas as suas dúvidas – ela decidiu adentrar imediatamente em casa. Antes não o tivesse feito. À meia luz, encostado na porta dos fundos estava Pantaleón com as mãos em ‘posição fetal’. Imaginou tudo – menos a possibilidade de seu companheiro estar ferido.
A primeira impressão de que algo de sobrenatural tinha ocorrido - despertou sua mente logo ao adentrar no barraco. Ela estava com os pés descalços e seus primeiros passos foram impregnados de uma má impressão inconteste. Sentiu alguma coisa pegajosa, mais que isso – gelatinosa impregnando a sola dos pés e invadindo seus dedos. Era algo quente; ela sentiu-se mal. Porém não havia tempo para estes caprichos e rapidamente passou a mão e levou à luz de candeeiro. O susto foi iminente ao saber que tudo aquilo debaixo dela era sangue. Correu de encontro ao velho companheiro de muitos anos de lutas e sofrimentos. Ao se aproximar atestou uma cena que, certamente permanecerá viva em sua memória por longos e duradouros anos.
Pantaleón Castillo havia sido cruelmente esfaqueado de uma força vil e covarde pelo noturno visitante – ao qual, dias mais tarde seus informantes descobriram apenas que se tratava de um tal de Flaco Adroaldo – morador no Cerro do Caqueiro na cidade brasileira de Santana do Livramento. A transferência da vítima para o hospital no centro da cidade de Rivera foi muito difícil. As mesmas ruelas labirínticas que há muito protegiam a vila desta vez cumprira o papel inverso; não impedira a entrada de um estranho e estava de sobremaneira dificultando o acesso do socorro médico.
O somatório de tudo isso quase lhe custou à vida. O tempo transcorrido desde a certeira estocada que lhe vazou as costelas - atingindo parte do pulmão esquerdo – foi demasiado longo. Em uma maca improvisada, os vizinhos conseguiram conduzir o ferido até uma viatura da polícia que permanecera aguardando no limite da estrada que dá acesso a Vila dos Esteves, pois policiais sabem que tacitamente não são bem-vindos no local. Porém, para agravar a situação, a falta de experiência de seus condutores ocasionou alguns acidentes de percurso. Ao intentarem transpor um dos tantos obstáculos delimitados por barrancos naturais – os “aprendizes de enfermeiros” se atrapalharam e deixaram a vítima tombar de uma altura de 1,50 metro. Pantaleón Castillo teria uma queda relativamente normal e macia, pois o solo como ocorre na maioria das vilas era constituído de grama. Porém ao segurá-lo, assim o fizeram, mas de maneira errada; suspenderam Pantaleón pelos pés tendo este se chocando violentamente contra o mudo com a cabeça causando um ferimento novo nas pontas dos ferros de construção abandonada.
A morte seria um prêmio para este triste homem - que se remoendo em dores quase sem sangue e agora com parte do rosto e olho esquerdo seriamente ferido pela queda - não podia sequer gemer, pois o pouco ar que conseguia aspirar, grande parte escapara através do pulmão perfurado. Realmente a situação era preocupante e a vila estava na iminência de perder seu maior líder. Desmaiar neste momento seria uma alternativa viável até que ele fosse devidamente socorrido e atendido por profissionais capacitados. Contudo Pantaleón não conseguiu reunir forças para consumar o desmaio.
Felizmente após todos estes infortúnios Pantaleón Castillo conseguiu ser medicado e conduzido ao hospital onde foi submetido a várias e complicadas intervenções cirúrgicas que duraram cerca de 10 horas. O maior espanto dos médicos ficou por conta da descoberta de que todo o quadro clínico poderia ter sido pior e de conseqüências incalculáveis, pois descobriram que metade do punhal utilizada na agressão ainda permanecera alojada em seu pulmão. Talvez tenha sido este objeto que lhe sustentara a vida – agindo como uma espécie de “tampão” impedindo que todo ar saísse de seu pulmão.
Passado o susto e sete meses de recuperação, Pantaleón, recuperado de tudo exibe orgulhosamente dentro de um vidro com álcool um mórbido e curioso troféu - a lâmina extraída de seu pulmão. Ele resolveu abandonar a vida de crimes na Vila dos Esteves, uma vez que a polícia descobrira seu esconderijo. Ele largou a esposa com os filhos e mudou-se para o Cerro do Caqueiro onde passou a integrar o grupo de Adroaldo, seu algoz de alguns meses - dividindo a liderança da quadrilha e a cama com seu agressor – uma vez que tudo ficou esclarecido. Napoleón havia tido um caso na cadeia com o Flaco e prometido viver maritalmente com ele assim que fosse libertado; como isso não aconteceu o amante traído resolveu compartilhar as dores de uma presumível viuvez dupla com Marival. Portanto foram estes os personagens centrais desta novela da vida real – estrelada por Panteleón, a esposa Maristela e o flaco Eduardo os protagonistas deste verdadeiro dramalhão mexicano que por detalhes não se transformou numa verdadeira tragédia.


Amor Bandido

HOMEM QUASE PERDE A ORELHA
AO SER GOLPEADO POR MULHER



Os dias que se seguiram após a internação do uruguaio de 38 anos – Luiz Carlos Lopez Antunes foram de extrema gravidade e apreensão. Acontece que ele foi vítima <<à traição>> vinda de uma mulher com voz grossa. Trabalhador de serviços gerais jamais imaginara apanhar deste jeito. Apesar da baixa estatura, pouco mais de 1,55 metro - Antunes sempre se considerou uma figura boa de briga – “principalmente quando sabe de onde vem o perigo e quem estou enfrentando” – relata este pedreiro de volumosos braços. Desta vez, porém – nos parece que o golpe surgiu do lado em que não esperava e muito menos da pessoa que sequer suscitara qualquer suspeita de agressão. Apesar dos aparentes pêlos no rosto debaixo do queixo, axilas e da voz rouca – Cleuza lhe causara uma boa impressão – chegando ele, inclusive a flertar com ela em determinado momento.
A noite corria livre – muito calor, mosquitos e crianças correndo em casa. Foi aí que ele decidiu dar uma desparecida e caminhar até o trailer ali próximo para conversar com alguns amigos. Antes, porém, tranqüilizou sua mulher que iria dar apenas uma caminhada para ajudar na digestão – uma vez que jantara feijão e sentia-se ‘inflado’. “De boas intenções o inferno está cheio” comentou a esposa demonstrando toda sua inconformidade, mas por fim concordou. Porém, esta foi a última vez, pois o que Carlos aprontou quase lhe deixando viúva serviu acalma-lo em casa e salvar seu casamento.
De fato – Luiz Carlos não fugiu muito do que prometera à mãe de seus filhos – gêmeos diga se de passagem. Em um trailer próximo do Cerro do Marco ele permaneceu horas a fio – sempre de conversa e muita cerveja. O que não contara a esposa era sua intenção de dar uma chegadinha, segundo ele “só pra olhar” – em um bordéu. O prostíbulo escolhido foi o não menos famoso “antigo Farolito” – localizado na escadaria que dá acesso ao referido cerro.
As primeiras dificuldades enfrentadas por Antunes começaram bem antes. Ele havia perdido a conta de quantas tomara momento em que decidiu enfrentar a escadaria. Vencido esta etapa – a seguinte seria tentar conquistar uma “piranha” e curtir a noite.
Com a visão obscurecida pelo álcool ele não tardou a encontrar sua outra metade. No entanto, muito antes que ele percebesse a pivô de seus desejos lhe aplicou um golpe colocando-o a nocaute. Como conseqüência Luiz Carlos teve o pescoço perfurado e orelha esquerda quase decepada pelos cacos de vidros afiados feito navalha de uma garrafa que lhe atingiu. Como sua agressora estava tão embriagada quanto ele – alegou nada lembrar e o caso foi arquivado na primeira delegacia de Rivera.


Caminho perigoso

ASSUSTADO PELO BURACO DA FRENTE
HOMEM VIRA E LESIONA A MULHER





A tentativa de desviar um buraco no meio da rua que acabaria danificando a suspensão e talvez quebrasse a roda de liga leve de seu automóvel Fusca de placas MA2620 não surtiu os resultados esperados. Em linhas gerais – Carmelino Marcelino Gómez da Cunha Paz de 79 anos teve realizado apenas a metade de seus objetivos. Se por um lado a sua habilidade ao volante o livrou de cair na falha do pavimento danificando as partes baixas de seu carro e, por conseguinte as rodas compradas com muito sacrifício em 24 prestações – por outro lado não evitou o capotamento. Como ele vinha numa velocidade acima do permitido para aquele trecho e seu fusquinha ano 1966 não tinha uma estabilidade que merecesse grandes elogios – bastou um comando errado e precipitado na direção para que o mesmo desse uma volta de 180 graus no mesmo eixo e apresentasse o mundo de pernas para o ar aos seus passageiros que tiveram que ser encaminhados às pressas para o hospital de Rivera (Uruguai) cujos ferimentos mais graves foram registrados em sua esposa de mesma idade Hélvia da Cunha Paz com diversos cortes generalizados – ocasionados pelos vidros que foram todos quebrados.


Presente de Natal de grego

HOMEM E SUA BICICLETA SÃO PRESOS
APÓS VIAJAREM 250 KM NOS TRILHOS


A pergunta a ser respondida era uma só. O que estaria aquele homem aparentemente bem apessoado confinado no vagão de bagagens há pelo menos três horas. A princípio apenas descansando – uma vez que estava vindo de muito longe e possivelmente era conhecido do fiscal. Joaquim Lopez de 34 anos embarcara no trem na estação ferroviária de Passo de Los Toros (cidade interiorana do Uruguai) e logo procurou refúgio no local adequado para poder viajar sem pagar a passagem.
O ser indevidamente escondido – logo descobriu o lucro iminente que estava por vir. Passavam poucos minutos das cinco horas da madrugada quando o “cavalo de ferro” apontou em direção a Tacuarembó e fez menção de parar. Tão pronto abordou na referida estação o clandestino passageiro tratou de botar suas “manguinhas de fora” – deu de mão em uma bicicleta novinha em folha que um passageiro havia comprado – talvez até fosse um presente natalino uma vez que a data estava próxima – e tratou de desaparecer rapidamente, não sem antes ‘bater a carteira de um distraído passageiro’ – pensando com seus botões: - “viajei de graça e ainda lucrei!”.
A manhã trouxe o sol – muita luz e uma triste realidade para dois moradores de Tranqueras (cidade com porte de vila que fica pouco mais de 55 quilômetros de Tacuerembó) - Hélder Luciano Alvez de 56 anos e Rodolfo Vieira de 33. Para o primeiro, a caminhada foi longa até sua casa uma vez que a bicicleta que comprara para dar de presente para si mesmo fora furtado do interior do compartimento de bagagens do trem. Já para o outro o prejuízo foi maior, pois sua carteira contendo todos seus documentos e o dinheiro de seu décimo terceiro salário desaparecera – fruto da investida de um punguista no momento em que embarcara na estação de Tacuarembó como veio a descobrir mais tarde. Apesar de pequeno o vilarejo tem um posto policial e tão pronto foram comunicados puseram-se a investigar o caso.
Foi um dos casos mais fáceis e curiosos que estes policiais enfrentaram – já em vias de aposentadoria os agentes Santiago e Varella em seus 36 anos de atividades. Desconhecendo a procedência e o destino de suas vítimas – Joaquim tratou de traduzir em dinheiro vivo o produto de sua investida – uma Peugeot de corrida com pneus tubulares e 12 marchas. Imaginando ser esperto e malandro de cidade grande, decidiu ir até Tranqueras. Ele embarcou novamente no trem - só que desta vez pagando sua passagem, pois havia tirado três mil pesos Buruguaios da carteira de Rodolfo – façanha que fez pensar estar ele rico ou na pior das hipóteses o seu natal e da família não seria miserável como o do ano passado. Contudo jamais lhe passou pela cabeça o que lhe reservara o futuro. A primeira pessoa que o “amigo do alheio” ofereceu a bicicleta era o ninguém menos que o próprio dono que há algumas horas ainda lamentava e chorava o furto – só que desta vez a esperteza trocou de lado. Hélder Luciano mostrou-se interessado, mas alegou que não tinha dinheiro no momento, mas em casa. Pronto – Joaquim caíra na cilada. Invés de ir buscar o dinheiro – o suposto comprador chegou, sim, foi com a polícia. Não adiantou nem tentar correr, pois como a vila é pequena e a notícia se espalha rápido à captura foi como uma caçada coletiva.
Chegou a noite do dia seis de janeiro – Dia de Reis, data em que se trocam os presentes na cultura uruguaia e – enquanto um que se julgava muito esperto curtia o momento natalino na cadeia, os demais se confraternizavam lembrando dos momentos difíceis e apreensivos vividos há poucos dias.



Caso curioso

PEÃO CHEGA EM CASA SÓ DE MEIAS
APÓS SER ASSALTO AO SAIR DE BAILE



A cena de um gaúcho batendo à porta de sua residência quando amanhecia o dia totalmente nu e calçando um par de meias vermelhas - no mínimo foi tragicômica, o que causou muita surpresa à pessoa que teve seu sono perturbado. O protagonista deste folclórico episódio foi um humilde peão de estância que morara na fazenda há 30 anos e jamais havia ido à cidade. Luis Neiron Soto decidiu que chegara o momento de deixar o campo e conhecer gente nova e quem sabe até uma prenda que viesse com ele a casar. Os preparativos para a noite especial começaram cedo do dia. Levantara, tomara banho e barbeara cuidadosamente não se descuidando de aparar as longas e chamativas costeletas que se uniam ao bigode de cor vermelho ferrugem a exemplo da vasta cabeleira que lhe cobria os ombros. Após o meio dia – cujo alimento foi frugal, resumindo-se a uma salada verde e um arroz com couve para não pesar no baile – Neiron vestiu sua indumentária novinha em folha e foi juntar-se ao piquete do Ibicuí da Armada e partir para cidade que ficava uns 35 quilômetros dali. Como todos iam a cavalo e já tinham calculado o tempo de viagem – àquela hora seria mais do que suficiente para chegarem antes das 23 horas no baile.
“Pena que tinha muita iluminação no CTG (Centro de Tradições Gaúchas) e não pude amassar a prenda” – pensou o feliz e deslumbrado gauchinho que no ido de seus 31 anos jamais sentira tamanha felicidade. A hora passou rápido e os traguinhos a mais lhe fez perder a companhia dos amigos para a volta. Não ligou e este se pôs em marcha. A cavalgada foi longa e exaustiva e agora retornava a trotes mansos conduzindo sei ‘pangaré’. Mesmo com o tempo nublado e armado para chuva Soto pode observar que a pouca claridade emanada era suficiente para ofuscar seus olhos – cujas pálpebras insistiam em permanecer fechadas.
Levado que estava sendo pelo animal – cujo caminho de casa já conhecia, a visão inebriante do peão foi despertada ao intencionar passar por uma velha e ativa estrada de ferro. Próximo aos trilhos dois homens empunhando facão e um rebenque surgiram do nada saltando sobre ele – pondo-o ao solo. Com a vítima indefesa e com olhar atônito – a dupla resolveu efetuar uma revista completa no intuito de roubar o que a vítima tinha de valor. No entanto – como não carregava consigo nada mais do que um relógio de pulso e a chave de casa – os dois se deram por contente levando o cavalo deixando Luis Neiron sentado nos trilhos.
Ainda sem saber como chegar à casa a pé, pois quem conhecia o trajeto de volta era o cavalo - ele jamais imaginou que a situação poderia piorar. Após caminhar uns 200 metros aproximadamente, para seu desespero os inescrupulosos personagens que levaram seu cavalo haviam retornado. Desta vez, porém, a intenção deles era diferente. Inconformados que ficaram por apenas o roubo do animal e o relógio resolveram levar praticamente toda a indumentária do gaúcho deixando-o apenas com um par de carpim.
Estava a sol pino quando ele conseguiu encontrar, finalmente, o caminho de casa. Só que a partir daí seriam alguns quilômetros, sete mais especificamente - que teria de percorrer sem ser avistado, pois não esqueçamos que ele estava “fantasiado de Adão no paraíso” devido ao roubo de todas as suas roupas; todas não – os ladrões talvez por esquecimento ou falta de interesse deixaram-no com as meias. Ao final tudo deu certo para Luis Neiron Soto que conseguiu chegar em sua casa com poucas testemunhas vexatórias.


Tiro de misericórdia




MENINA É BALEADA NA TESTA
COM ESPINGARDA PELO IRMÃO





As brigas comuns entre irmãos podem ir além dos corriqueiros puxões de cabelo e arranhões generalizados. Muitas vezes a inocência aliada à negligência de alguns pais pode causar até uma tragédia sem precedentes. Conforme o caso, não se descarta a possibilidade de uma das partes carregar pelo resto da vida seqüelas irreversíveis de atos impensados ou brincadeiras de mau gosto.
Um exemplo iminente neste caso ocorreu na residência da operaria de manutenção em máquinas agrícolas – Amabel Càntor na pequena vila de Vichadero, uma junta departamental da cidade de Rivera no Uruguai. Seu filho de cinco anos resolveu assumir uma postura de “homem” conforme mostram os filmes e seriados na televisão e tirar as diferenças com sua irmã de forma pouco usual. Inadvertidamente o menino, dois anos mais velho que a irmã - não pesou as conseqüências, até nem devia a julgar pela pouca idade, do que seria dar um tiro de espingarda na cabeça de sua indefesa irmã.
Num momento impulsivo de descontrole emocional - que talvez nem ele saiba explicar, o menino aproveitando-se do fato de estar sozinho em casa com a Kamilla – correu até o armário onde o seu pai guarda as armas e mesmo mal podendo empunhar a espingarda, pois esta era literalmente maior do que ele – segurou-a à sua maneia e mesmo desajeitado não hesitou em atirar na indefesa irmã que o espreitava escondida atrás da cortina da sala de estar.
Menos mal que Pablo não era um bom atirador a alvejou Kamilla na testa sem muita gravidade. O pior seria se ela tivesse sido atingida nos olhos onde as conseqüências seriam incalculáveis e a arma utilizada não fosse aquelas de pressão que atiram bolinhas de plástico vendidas em camelôs que contrabandeiam mercadorias do Paraguai. Enquanto a menina, após o susto e um pouco de água fria para aliviar a dor do impacto que lhe deixara um pequeno hematoma tornou a brincar de boneca com suas amiguinhas - o valente algoz teve como seu maior castigo acompanhar a irmã no trato das bonecas – o que lhe valeu a maior gozação entre seus amigos.


Uma história de sorte

POR AMARRAR OS CADARÇOS NOS TRILHOS
JOVEM GANHA VIAGEM A MONTEVIDÉU



Morador no bairro Mandubi em Rivera – de repente se depara com a possibilidade de “gozar umas férias” em uma clínica especializada em Montevidéu, capital do Uruguai.

A caminhada matinal de Pablo Renato Martinez poderia terminar com a ‘velha e costumeira dor nas pernas’ não fosse pela sua bota do tipo coturno militar. Como fazia diariamente este integrante das Forças Armadas Uruguaias – ele caminhava calmamente para o serviço cortando caminho através dos trilhos da Rede Ferroviária Uruguaia que liga sua residência ao Q.G. militar onde presta serviço – contando os dormentes... “Um, dois, três, quatro...” e por vezes se equilibrando em um dos trilhos – coisa da idade. Pablo, no auge de seus 18 anos não levava as coisas a sério. Estava no exército por obrigação. Ocorre que em determinado momento ele teve sua atenção despertada pelos cadarços do coturno esquerdo que estava desamarrado e poderia causar um acidente – justamente no ponto crítico da passagem do trem. Na curva de quase 90º de angulação – se registrara muitos acidentes, principalmente com animais.
Nem bem havia clareado o dia quando o trem apontou na hora marcada e se deparou com um obstáculo inesperado até então novidade para o experiente maquinista desta antiquada ‘Maria fumaça’ construída nos idos dos anos 40. Há poucos metros do do trem se encontrava - o que em primeira análise não lhe parecia nenhum dos animais que costumavam por ali cruzarem neste horário e que já lhe causara muitos transtornos como ovelhas, cavalos e vacas. A silhueta ainda sem identificação da mesma forma merecera sua compaixão forçando-o a acionar os freios de forma abrupta e inesperada, assustando os passageiros.
No entanto, o espaço de frenagem era muito curto e o choque foi inevitável. Ao descer do trem tal qual foi sua surpresa ao saber o que havia atropelado desta vez. Desfalecido pela dor e banhado em sangue – um corpo atestava a tragédia. Como lição deste ato impensado e inconseqüente o soldado Martinez não mais irá amarrar o cordão de seu coturno em local inadequado sem tomar as devidas precauções - muito menos nos trilhos após uma curva de pouca visibilidade. O saldo positivo ficou por conta de sua inesperada viagem para Montevidéu com direito a um acompanhante e tudo custeado pela companhia seguradora da ferrovia e um laudo de seis meses de licença no serviço militar devido aos ferimentos sofridos; ele teve fratura exposta em ambas as pernas e múltiplas escoriações pelo corpo.


Romeu e Julieta e um punhal

MENOR É DURAMENTE ESFAQUEADO
AO DEFENDER NAMORADA DO RIVAL


Não foi fácil para os pais do menor de apenas 16 anos Washington Suarez a fria madrugada desta última quinta-feira dia 24. Apesar do aparente corte medindo apenas seis centímetros – o perigo estava localizado mais ao fundo. A sua pleura havia sido perfurada ao ponto dele estar correndo risco de vida.
O episódio causador desta situação ocorreu quando – ao sair da escola onde estuda na vila de Vichadero na 8ª seção departamental de Rivera (Uruguai) na companhia de sua namorada de mesma idade teve seu caminho interrompido. Sua reação imediata foi de espanto e perplexidade – uma vez com o adiantado da hora já entardecera e o breu noturno ocultava a identidade da figura que os abortara. A princípio pensou tratar-se de um assalto. Ledo engano seu. A investida era meramente passional – pois o sombrio personagem que saíra das sombras era o não menos antigo namorado de sua garota.
Entre olhares ameaçadores – houve princípio e ameaça que uma briga poderia iniciar naquele instante – porém como Washington era notadamente superior fisicamente e na altura – não deu “bola” para seu rival e imaginou poder resolver a parada em pouco tempo. Até aí tudo bem – tendo como espectadora a pivô e prêmio do confronto dando um espetáculo de luta livre em plena praça sem ninguém para apartar. Em seguida ficou evidenciado a superioridade do atual namorado de Cândida Chavez que com 1,85 metro contra os 1,60 de seu oponente. A surra foi de sentir pena e tudo estaria resolvido naquele último golpe – não fosse o trunfo trazido por Félix, de 17 anos - já sabendo que enfrentaria dificuldades naquela noite.
A rixa estava preste a ser resolvida, pois - Félix, deitado de bruços e inerte dava ares mórbidos que tudo acabara ali. No entanto, compadecido pela lamentável e humilhante posição em que deixara seu oponente – Suarez achou que deveria estender a mão com objetivo de ajudar e foi aí que as coisas se inverteram, pois os planos maquiavélicos de Félix eram outros. Permanecera assim por motivos meramente estratégicos. Ele ganhara o tempo e fôlego necessário para sacar seu punhal escondido na cintura. A virada foi rápida e ferina. Bastou uma estocada para romper a proteção das costelas e chegar até o pulmão esquerdo de Washington e por fim aquela briga.


Laçada humana

PESCOÇO DE MOTOQUEIRO QUASE
DECEPADO POR LAÇO DE GAÚCHO





Surpresa desagradável teve o motorista de táxi de 29 anos Anobrelino Silva na final da manhã deste último domingo, ao intencionar deslocar-se até sua residência na subida que dá acesso à Vila Planalto em Santana do Livramento. Em meio ao trajeto ele foi literalmente “pealado” por um laço que após agarrá-lo jogou-o violentamente contra o chão causando uma série de ferimentos – entre os quais o mais grave foi a decapitação de seu pescoço.
O hilariante episódio ocorreu quando o tratador de cavalos Carlos Thomas Borba Cordeiro resolveu aproveitar a manhã ensolarada para arrumar seus utensílios visando o desfile da Semana Farroupilha que se aproximava. Sem fazer qualquer cerimônia este gaúcho de 74 anos – dos quais mais da metade dedicado à lida campeira, estendeu para arejar toda sua indumentária em plena via-pública. Com todas as dificuldades que um tombo de cavalo lhe causara deixando-o coxo da perna esquerda – o velho gaúcho notou que seu laço que não estava limpo para o desfile. Com o utensílio gauchesco na mão e um banquinho de campanha na outra, ele se dirigiu calmamente até a frente de sua residência com o propósito de encerá-lo. Não medindo as conseqüências que sua atitude poderia acarretar - Carlos resolveu atravessar calmamente a rua e atar o laço em uma árvore. Como uma “verdadeira armadilha” bem amarrada - ele o esticava para passar sebo e quando um veículo apontava na esquina bastava baixar a corda e assim as horas foram passando que o gaúcho nem percebeu que estava próximo ao meio-dia e o movimento de carros se intensificara. No entanto, os planos do tratador de cavalos começaram e sair errado quando - de repente, apontaram a passar pela rua naquele instante dois veículos que desconheciam o trabalho artesanal que estava sendo realizado ali.
O relógio marcava 12:15 quando as coisas realmente começaram a complicar para o velho Cordeiro, pois quase simultaneamente em sentidos contrários resolveram passar um caminhão e uma motocicleta. Tomado de assalto que foi, pois até aquele instante todos os carros passavam do sentido bairro-centro, instintivamente, ele logo raciocinou que o procedimento seria o mesmo – o de apenas largar o laço e repetir a operação que até agora dera certo. Só que por detrás do caminhão – aqueles de duas carretas, trafegava a motocicleta e os planos tão minuciosamente arquitetados por Carlos Thomas começaram a dar ares de fracasso iminente e perigoso.
“O thê, de repente eu vi um índio véio pendurado em meu laço e levei um baita susto” – exclamou Thomas ainda muito assustado com o ocorrido e com as mãos trêmulas que nem conseguiu assinar o boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia. Não era para menos, pois no exato instante que ele afrouxava o laço para o caminhão passar, na outra ponta amarrada que estava a uma altura de metro e meio do chão – formou-se uma volta em forma de laço que encaixou justamente no pescoço do motociclista que caprichosamente por ali passava. E ao passar a carreta Cordeiro voltou a esticar o laço e o que se viu foi o Anobrelino pendurado na árvore e a motocicleta Yamaha de placa YHA045 seguir andando ainda uns 50 metros, desgovernada, sem condutor.
Como conseqüência deste tragicômico acontecimento - Anobrelino Silva teve quase totalmente decepado seu pescoço e internado às pressas no pronto socorro da Santa Casa de Misericórdia, onde foi literalmente bordado com 47 pontos. Não foi só isso. A vítima perdeu a maioria de seus dentes da frente ao bater violentamente sua boca contra o galho da árvore que sustentava o laço. O motoqueiro foi submetido a uma cirurgia corretiva na gengiva e todos os gastos, por sorte de Carlos Thomas Borba Cordeiro – foram cobertos por seu plano de saúde.


Surra pela herança

HOMEM APÓS APANHAR É AMARRADO EM CUPINZEIRO





“Minha cabeça dói só em pensar naquela madrugada!”. A explicação é de Pablo Agostinny de Los Santos, 24 anos e morador no Parque São José em Santana do Livramento. Ele, por volta das seis da manhã deste último domingo, dia 25 de março – foi atacado por um bando composto de sete integrantes munidos de tacos de beisebol e fios de aço. Como conseqüência, disse Agostinny – “Nunca tinha levado uma surra tão grande”. O episódio ocorreu quando ele saía do Morro do Xisto pela Rua João Souto Duarte e – ao chegar na esquina da Vivaldino Maciel, foi surpreendido pelos desconhecidos que usavam jaquetas escuras e toucas ninjas.
Para atacar Pablo que vinha em seu cavalo a trotes largos – os delinqüentes primeiramente estenderam uma corda por toda a rua na altura do peito do animal. Quando este a sentiu – a primeira reação foi se assustar e empinar jogando o cavaleiro ao solo. Tão pronto isso aconteceu – a quadrilha saltou sobre ele batendo de todos os lados. O interessante era que os desconhecidos não queriam machucar muito Gusmão, pois, apesar de estarem fortemente munidos com os bastões de madeira e os cabos de aço mais o ameaçaram do que outra coisa. Mas mesmo assim a surra se consumou levando vários golpes nas pernas e sola dos pés – o que caracterizou tortura. Enquanto ele se contorcia no chão poeirento quatro deles se encarregaram se tirar sua carteira, relógio, óculos e seu par de botas. Feito isso – espantaram seu cavalo e levaram-no até um eucalipto que tinha um cupinzeiro na base. Feito isso bateram com seus tacos o máximo possível na casa dos cupins para enfurece-los e trataram de sair correndo.Porém, para sorte da vítima os insetos não mais ali residiam e este ficou livre de mais este suplício.
Passavam um pouco mais das oito da manhã quando João Pires, de 19 anos – avistou uma pessoa amarrada em uma árvore, logo abaixo da rua. Ao chegar mais próximo descobriu tratar-se de seu amigo Pablo – amordaçado que estava com uma meia soquete. Ambos foram até a Delegacia de Polícia efetuar o registro e tiveram uma surpresa.
Ao retornarem para o Parque São José – no entanto, foram surpreendidos por uns garotos que os levaram até um banhado atrás de uns trilhos. Ali estava seu ‘Pingo’ com todos seus pertences pendurados no pescoço – nada fora roubado e a vítima acredita que tudo não passou de um ataque encomendado por sua ex-noiva que a deixara na igreja no momento do casamento. Segundo ele – Sabrina já era casada no Uruguai e havia enganado ele – de olho que estava na herança que recebera.

Indiana Jones Mirim

CRIANÇA MARCA ENCONTRO COM A MORTE
AO EXPLORAR FUNDO DE POÇO ABANDONADO



O casal de uruguaios Daniel Cal Velazques, 27 anos e sua companheira Ana Raquel Diaz de 25 certamente não terão motivos para comemorarem as festas de final de ano. Ocorre que há poucos dias eles foram vítimas de uma terrível tragédia – que certamente os marcará até o resto de suas miseráveis vidas. Joviais e repletos de ilusões – a dupla jamais poderia imaginar o que o futuro os tinha reservado; eles literalmente passaram do “Paraíso ao Inferno” em apenas uma fração de segundos, com isso pode-se dizer que ambos chegaram ao fundo do poço. Porém, por se tratar de um casal de pouca idade – com certeza irão tirar uma lição do ocorrido para se precaverem no futuro.
Denis Rodolfo Cal Diaz tinha apenas um ano e sete meses e completaria dois nos próximos dias não fosse ela uma criança saudável e curiosa. Aproveitando-se de um descuido de seu pai, o menino resolveu explorar as imediações do estabelecimento comercial que um dia seria seu – um armazém bem surtido de todos os gêneros situado na Vila de Ataques na 4ª Seção Departamental de Rivera – no Uruguai.
O “Indiana Jones Mirim” foi infrutífero em sua primeira aventura a acabou marcando encontro com a morte ao tentar explorar o fundo de um poço abandonado que irresponsavelmente o casal mantém sem segurança no fundo do armazém. Quando os seus pais deram falta do garoto já era muito tarde. Fizeram de tudo para reanima-lo, mas tudo em vão. Denis acabou morrendo insuficiência cárdio-respiratória e asfixia por imersão – em outras palavras, morreu afogado.


Assalto com requintes de filme

ARMADOS COM ESPINGARDAS BANDIDOS
PROVOCAM TERROR EM PADARIA





Quem estava de fora parecia estar assistindo uma verdadeira operação de guerra. Cerca de 30 homens fardados empunhando revólveres, submetralhadoras e espingardas de cano cerrado calibre 12 – correndo para todos os lados - buscando refúgio detrás dos automóveis e se entrincheirando por entre os barrancos. Na verdade caçavam alguns bandidos de quem possuíam apenas algumas parcas descrições. Porém, sabiam que haviam cometido um grande assalto em uma padaria localizada bem na linha divisória entre Brasil e Uruguai há poucos minutos. E pior, as informações davam conta de que na fuga haviam tomado de refém uma vítima e esta era uma criança. A situação era delicada e os policiais uruguaios por mais tarimbados que fossem enfrentavam um problema. Se a quadrilha fugisse para o lado brasileiro da fronteira o que fariam. Aparentemente nada. Dependeriam da cooperação dos colegas brasileiros e estes ainda não tinham sido acionados.
Passavam pouco mais de 30 minutos das 20 horas quando o casal Élson, de 47 anos e Gracyela Arruda, de 39 – decidiram que chegara o momento de encerrarem as atividades. No entanto, foi neste exato momento que estacionou um veículo na frente e dele desceram cinco homens se precipitando padaria adentro. Só que não se tratavam de fregueses comuns – mas sim “amigos do alheio” que popularmente são conhecidos por assaltantes. Gracyela foi a primeira a sentir um calafrio na espinha quando não conseguiu gritar, pois sua voz logo foi sumariamente sufocada pelo cano cerrado de uma garrucha de calibre 12, empunhada por um homem usando máscara vermelha com apenas buraco nos olhos. A seguir – os demais comparsas, também devidamente disfarçados, se encarregaram de intimidar os funcionários e um freguês que ficara de conversa com Pablo.
Armados até os dentes - os assaltantes tinham em mente permanecer ali apenas 15 minutos, mas que em realidade ficaram horas – submetendo a todos as mais cruéis seções de torturas psicológicas. Após constatarem que o caixa da pequena panificadora não havia registrado um movimento que compensasse a investida – eles suspeitaram que na casa devesse existir algum local secreto onde o dinheiro fora guardado. Uma vez que seria inadmissível um estabelecimento tão pequeno sustentar um luxo como aquele que viam pela frente na casa: assoalho em mármore branco grego, lustres de cristais, televisor tela plana de cristal líquido com 70 polegadas – além de uma adega no subsolo com centenas de garrafas de whisky e vinhos importados. Outro detalhe que não fechava com aquela fachada eram os carros de luxo que estavam guardados na garagem – duas Mercedes e um BMW, todos aparentando serem no ano 2006 ou até 2007, sendo que um nem emplacado estava.
Dito e feito. Após alguns convencimentos ‘amigáveis’ – forçaram Pablo e revelar a existência de um cofre. Mas não ficaram por aí as surpresas do início desta noite de inverno, pois, descobriram que o suposto freguês da padaria era o verdadeiro dono desta grande fortuna e que Pablo juntamente com sua companheira tratava-se do que no Brasil se conhece por “laranjas”. A emenda saiu melhor do que o soneto por fim veio a descobrir o líder do bando. O homem de cabelos e bigode branco trajando um terno escuro tinha por detrás nada menos do que uma rede de free shops não só em Rivera, mas no Chuí e Punta de Leste. O camarada era realmente muito rico. Tiraram a sorte grande pensaram. Porém tinham um problema pela frente. Eram assaltantes e não seqüestradores. Então o que fazer. Este pequeno vacilo e tempo perdido foi precioso e decisivo no futuro do grupo como veremos a seguir. Não contavam com o inesperado, pelo menos este.
Como alternativa para abreviarem as ações e abrirem logo o cofre que estava no andar superior da padaria - as ameaças foram mais práticas. Um tiro na perna do funcionário somado ao prenúncio iminente do próximo disparo ser na cabeça de sua esposa – logo convenceu Pablo a colaborar e abrir a caixa-forte da casa disfarçada de padaria.
Chegando ao local – um dos assaltantes com estatura aproximadamente de 1,70 metro, sotaque português fluente fez de reféns os filhos do casal de 10 e seis anos. Mais apavorado ainda o chefe desta família decidiu colaborar e prontamente abriu todas as gavetas do cofre onde estavam guardadas as jóias e mais de 55 mil dólares americanos em notas de cem – além de alguns reais e muitos pesos uruguaios.
Enquanto isso – três da quadrilha desceu até a garagem na ânsia doentia pelos automóveis enquanto um deles foi até a adega. Estavam realmente deslumbrados. O relógio já marcava quase onze e meia da noite e se aproximava o momento em que o vigia deveria iniciar sua jornada noturna de trabalho. E foi aí que o plano deles começou a vazar. Ernesto Paglia é um sereno muito experiente e logo notou que algo de anormal estava ocorrendo. Precavido, antes de qualquer coisa deu de mão em seu telefone celular e comunicou a agência de vigilância que por sua vez alertou os policiais.
No interior da casa silêncio. Por fora se ouviam apenas as respirações ofegantes dos policiais. Enquanto os sombrios visitantes não se contentaram apenas com dinheiro. Trataram de fazer uma coleta seletiva. Deram de mão numa filmadora JVC, três aparelhos de DVD, dois revólveres (32 e 38), algumas pratarias e diversas garrafas de whisky já abertas que estavam no bar. Mas a cobiçada televisão gigante de plasma era grande demais para carregarem, mas o espírito da maldade falou mais alto e um dos marginais, após beber no gargalo quase um litro de vodka russa, fez menção de disparar sua espingarda contra Élson. Foi uma rajada fulminante, frontal, sem volta. Feito isso – logo tratou de jogar a garrafa vazia sobre o que sobrou e correu para a garagem a fim de se juntar aos demais e fugir logo dali.
Entretanto, quando se preparavam para saída – lembraram que um dos comparsas não se apresentara – justamente aquele que fora na adega. Com certeza estaria já em coma alcoólica devido à bebedeira que tomara. Não deu outra. Ao adentrar no recinto se deparou com Jonas sentado, mais morto que vivo de tanto que bebera e tendo ao seu redor quase uma dúzia de garrafas todas vazias. O cruel líder não teve dúvidas, resolveu o caso da forma mais simples – pelo menos para ele. Calmamente sentou ao lado do amigo, recostou afavelmente sua cabeça sobre suas pernas, pegou um litro de whisky e empinou garganta adentro. Antes, porém não se esqueceu de tapar se nariz e segurar as mãos. Foi uma morte silenciosa e feliz, pelo menos foi assim que pensou seu executor.
Agora restavam apenas quatro. Um a menos para dividir a muamba. Antes de baixarem todos para garagem trancaram as vítimas no banheiro. O chefe nada disse quanto ao sumiço de Jonas e também ninguém se atreveu perguntar, porque conheciam o seu temperamento. Imaginavam o que sucedera, mas desconheciam o método.
Nesta altura dos acontecimentos havia se formado uma verdadeira multidão nos arredores da padaria – muitos curiosos, despertados que foram pelos muitos policiais que circundavam o estabelecimento. O primeiro disparo rompeu silenciosamente o éter noturno e atingiu fulminantemente um dos bandidos na altura da nuca. Como o atirador de elite da polícia usava silenciador o abate não foi percebido pelos demais. Rapidamente a turma da retaguarda tratou de retirar o corpo.
O restante da quadrilha que nada sabia do ocorrido começou a ficar impaciente. Logo desconfiaram que o comparsa fugira. Outro foi designado para abrir a garagem e teve a mesma sorte. Assim um por vez foi sendo abatido. Restava o líder. Este era mais esperto e não muito corajoso. Vendo-se acuado tratou de retornar ao interior da casa e buscar refúgio atrás de um escudo humano e exigir concessões.
De revólver em punho – se apoderou corajosamente da menina de seis anos e partiu para a sacada. Gritou em alto e bom tom que iria matar a garota caso não atendessem suas exigências. Pobre dos pais que nada podiam fazer. Apenas rezar e torcer por um final feliz.
As horas que se seguiram foram angustiantes e de muita tensão. Ele agora estava sozinho. Retornou para o interior da sala, tratou de fechar a cortina para não ser alvo dos atiradores de elite. Suas pupilas estavam dilatadas – as veias do pescoço pareciam que iriam saltar de tão sobressalentes que estavam. Tremia mais do que as vítimas. Algo de muito ruim estava prestes a ocorrer.
De repente ele não mais agüentando a pressão e a idéia de ser preso – investiu contra Pablo e sem pestanejar disparou sua pistola nove milímetros. Foi uma cena forte até para os adultos. O estampido logo precipitou o grupo de policiais que estavam de tocaia no telhado da casa e, usando cordas se precipitaram saltando vidraça adentro – no melhor estilo Tarzan. A gritaria foi geral. Outro susto para a pobre e traumatizada família.
Ao entrarem no recinto, os “alpinistas da lei” encontraram a família de Pablo reunida no canto da sala, toda abraçada e não acreditando que aquele pesadelo acabara.
Não foi possível identificar o policial que liderou esta invasão, mas este tomou o depoimento e verificou se todos estavam bem – salvo o funcionário José Lopez Noguera Sanchez que sofreu um disparo na perna esquerda e foi conduzido ao hospital. Atrás do divã encontrou o líder do bando. Ele não agüentara a pressão e acabou dando fim na própria vida com um fulminante disparo no ouvido direito.
Entre mortos e feridos – a família de Pablo Longa teve poucos prejuízos, até porque a maioria dos bens não eram deles. Mas o televisor gigante poderia não ser, mas era como se fosse - e o bandido quebrou quando maldosamente deu um tiro em sua tela de plasma.
Se ouve algo de positivo no desfecho desta história – este ficou por conta da morte de todos integrantes da quadrilha que não mais aterrorizará a população fronteiriça.


Um crime bárbaro

ESTAVA TRANQÜILO NO CAMPO QUANDO RECEBEU DIVERSAS FACADAS E MORREU


Um crime despertou a atenção de alguns moradores da Vila Santa Rosa em Santana do Livramento nesta última quinta-feira, dia 13. Nada menos do que diversas estocadas de faca – impeduosamente aplicadas à traição, foram suficientes para por o fim na vida do amigo e velho companheiro de Agripina Dutra Cremosini, de 54 anos e moradora na casa de número 255 da Rua Doutor Freire Alemão.
O episódio teve uma testemunha que se encontra em proteção policial. Segundo ela – dois homens entre 25 e 30 anos, ambos munidos com facas, aproveitaram-se de um momento de distração de Marcos Ateneu em um descampado da vila e se aproximaram sorrateiramente lhe aplicando vários golpes no abdômen e um fatal na região da garganta dando por fim em sua vida.
Hoje, no entanto, Agripina lamenta profundamente a perda de seu cavalo de estimação que dentre tantas virtudes era seu amigo e instrumento de trabalho. Ele tinha pelagem predominantemente vermelha e uma característica única nas redondezas – sua cara era manchada de branco, atraindo com isso, o interesse de quem por ali passasse.


Briga de família
RESIDÊNCIA DE SERVENTE É SAQUEADA
POR FAMILIARES NO CERRO DO ARMOUR


A servente Juracy Chaves do Canto de 45 anos anda de mal a pior. Além de ter sido forçada a se separar do marido – pois a maltratava muito, agora teve sua residência invadida e praticamente todos os seus pertences e eletrodomésticos furtados. Ela acusa a família de seu antigo marido Altemir das Graças, seu pai Adalberto e a mãe Genessy.
Surpresa teve Juracy ao chegar em sua casa de número 789 da rua José Fernandes Mendes no Cerro do Armour em Santana do Livramento – ao final da tarde desta última terça-feira, dia 17.De início ela desconfiou que alguma coisa de anormal tinha ocorrido, pois reparou no estranho comportamento e da forma que algumas pessoas que moravam próximo à sua casa olhavam para ela. Não tardou para que a servente descobrisse do que se tratava.Na medida em que se aproximava mais crescia sua ansiedade – pois a primeira impressão que lhe veio em mente foram as crianças. Mas como as não tinha deixado naquele lugar, logo se tranqüilizou. Contudo não lembrava de ter deixado a porta da frente aberta.Não deu outra. A verdade nua e crua saltou sobre seus olhos e ela descobriu que haviam tirado a porta da frente. “Deus do céu”... exclamou, ao adentrar e deparar-se com uma triste realidade: praticamente todos os seus móveis não mais estavam no lugar que outrora deixara quando saiu para o emprego.
Juracy foi taxativa, fria e muito direta ao apontar os autores do delito. “Eles chegaram cortando a corrente que fechava a porta para a seguir tirarem-na com dobradiças e tudo” – desabafou. Do interior da humilde casa de três cômodos, sala, quarto e banheiro – foram tirados um jogo de sala, as roupas de cama, um aparelho de televisão, dois baldes plásticos, a geladeira nova, um fogão à lenha e a importância de 130 reais que guardava sobre o refrigerador.
Porém o furto não ficou por aqui. Ela afirma que Altemir ainda teve a audácia de tirar todas as janelas, os aparelhos do banheiro e ainda arrancou o assoalho do quarto. Os invasores ainda foram dadivosos com Juracy, pois a deixaram com a penteadeira, o guarda-roupa, um criado mudo e muitas bugigangas espalhadas pelo pátio.
O aposentado de 60 anos Altemir tem outra versão para os fatos. Segundo ele a casa que Juracy morava era dele e tudo por ele havia sido comprado, pois quando ela veio só trouxe um filho na barriga e muita incomodação. Jazem alguns anos que foram felizes – num lugar pacato às margens do Cerro do Armour medindo três hectares – onde criavam algumas ovelhas, tinham uma horta diversificada, vacas leiteiras para o sustento e até uma carroça com cavalo. Só que em pouco tempo tudo foi sendo largado por Juracy a ponto da família não ter mais nada – período em que esteve separado dela e ter ido morar com seus pais na cidade.
“Não cometi nenhum crime – somente quero o que é meu de direito, trabalhei a vida inteira para adquirir alguma coisa e não é justo encontrar tudo neste estado” – desabafa Altemir. Seus planos são restaurar a casa que está infectada de cupins e voltar a cultivar hortaliças e criar alguns animais.


Nem humildes ganham folga

A VIDA ESTÁ DIFÍCIL:
ATÉ CARROÇA É FURTADA


Nem os mais humildes estão escapando da escalada de violência. Enquanto as pessoas mais abastadas pelo dinheiro fogem e protegem seus bens de saques e familiares de seqüestros - principalmente nos grandes centros urbanos, aqui um humilde cidadão tem seu instrumento de trabalho furtado em plena luz do dia.
Na manhã desta última segunda-feira – alguém embarcou na carroça de Kleber Machado de 36 anos e foi dar um passeio sem pedir permissão e não mais retornou para devolvê-la. Segundo o carroceiro que recolhe papelão para sobreviver – seu veículo cavalar tem cor vermelha e o animal de pelagem branca com o peito e rabo preto. A mesma estava estacionada próximo ao clube do bairro Mandubí na cidade uruguaia de Rivera.
Faroeste à La Uruguai

APESAR DE SACAR PRIMEIRO, HOMEM
MORRE APÓS RECEBER QUATRO TIROS


Numa típica cena de faroeste norte-americano – homem, apesar de não sacar sua arma primeiro, é alvejado, reage e mata seu oponente com vários tiros de revólver calibre 38.
Nem sempre quem atira primeiro e tem a sorte de atingir o seu alvo sai vitorioso. O que vale aqui é a qualidade do tiro e a precisão. Esta regra se manteve por ocasião do incidente que envolveu o uruguaio Altemir Santiago de 38 anos e Daniel Martinez Garcia de 20. Ambos trocaram tiros neste domingo, dia 22, em um descampado da localidade de Chircas do Caraguatá na cidade uruguaia de Rivera resultando um ferido e outro morto. Altemir morreu – vítima que foi de quatro disparos fulminantes ao passo que seu oponente apenas sofreu um tiro.
Na ocasião, explicou o homicida, tudo transcorria normalmente. Ele conduzia calmamente seu cavalo pelo campo até encontrar Altemir que vinha montado em sua direção. Só que em determinada distância, que ele calcula entre 12 a 15 metros - Santiago o cumprimentou levantando o chapéu e quando foi saudado – sacou o Smith 32 e começou a atirar em sua direção atingindo-o no braço direito.
A partir daí o que se viu foi o desenrolar de um filme de ‘bang-bang’ com dois homens trocando tiros no alto do morro quando o sol se escondia no horizonte. Talvez ajudado pela idade – 18 anos mais novo que seu oponente, onde seus reflexos são mais aguçados e pelo fato de ser canhoto – o jovem pistoleiro mesmo sangrando muito ainda teve forças para efetuar cinco disparos – atingindo quatro vezes o velho Altemir.
Por mais rápido que tivesse sido o socorro à vítima – nem o médico mais competente da região lograria salvar a vítima. A pontaria de Daniel foi tamanha que dois dos tiros atingiram a cabeça, um no tórax e o primeiro no ombro. Ao ver Altemir Santiago caído Martinez tratou de se afastar e comunicar o ocorrido a polícias que prontamente deteve o homicida conduzindo ao presídio do Estado e o cadáver ao necrotério municipal de Rivera.


Jogo de bar

APANHA E LEVA TIROS APÓS JOGO DE BILHAR


Para quem é chegado a jogar alguma coisa, principalmente bilhar, com pessoas desconhecidas ou no mínimo suspeitas – o servente de pedreiro Eduardo Rodrigues aprendeu a lição “sofrendo na pele”. Acontece que ele foi vítima de uma agressão quando jogava uma partida de bilhar na casa do tal de Vellejo - que fica no final da rua Antônio de Camões na Vila Santa Rosa em Santana do Livramento na noite deste sábado, dia 14. Talvez motivado por uns traguinhos a mais – ele se desentendeu com o <> que além de dar-lhe uns “carinhos com o taco no lombo” que lhe causou consideráveis hematomas ainda foi corrido com disparos de arma de fogo nos pés. Com 29 anos e portador de boa saúde – Eduardo não pestanejou em lembrar que mais valia um covarde vivo do que valente morto e tratou de sair o mais rápido possível da casa de Vellejo.




Sedução à primeira vista
JOVEM DE 18 ANOS SUSPEITO DE
SAIR COM COMPANHEIRO DE ANCIÃ


Eles estavam juntos há alguns bons pares de anos – até que um esperto e inescrupuloso personagem decidiu romper esta convivência – deixando a anciã de 74 anos, Claudyr Soares sem ninguém para conversar. Ele denuncia o misterioso desaparecimento de seu companheiro de longas conversas e ouvinte atento às suas reclamações. O mesmo costumava ficar se balançando tranqüilamente na varanda de sua casa tomando sol enquanto lhe fazia companhia e batiam papo. O virtual suspeito é um jovem aparentando 18 anos de nome Wilson que não desgrudava os olhos dele – chegando até flertar em dados momentos. A última vez que ela conversou com seu papagaio de estimação de plumagem esverdeado e peito alaranjado foi na manhã deste último domingo quando o deixou para ir até o mercado comprar ração


Médico atilado
HOMEM DE 59 ANOS PERFURA ABDÔMEN
DO IRMÃO MAIS NOVO COM UM FACÃO


A velha mãe de 86 anos Ermelinda Alves da Rosa estava tranqüilamente sentada em sua cadeira de balanço – quando de repente seu coração disparou, quase saindo pela boca, devido à gritaria de seus dois filhos, João Gabriel de 59 anos e João Victor de 44, que esbravejavam copiosamente. Só que foi apenas um susto – discutiam, como de costume, por bobagens e ela tentou retomar seu cochilo matinal. Mas não foi possível, pois se acirrara a discussão lá na cozinha e ele teve de levantar para ver o que se tratara.
Lentamente calçou seus chinelos de pelo de ovelha, alçou mão do par de muletas e na maior velocidade que a idade lhe permitia cumpriu os cerca de 11 metros que separam seu quarto da cozinha em pouco menos de 30 segundos. Ao chegar ficou atônita, paralisada pela cena que visualizou. O relógio que está guardado dentro da cristaleira marcava precisamente 10 horas e 30 minutos desta última quinta-feira, dia 30 quando seus cansados olhos atestaram e não acreditaram quando se deparou com João Victor jogado no chão – desfalecido. Sabe-se lá de onde ela reuniu forças para gritar e chamar seus outros filhos que ajudaram na remoção da vítima para hospital mais próximo.
A cena acima – teve como palco a casa de número 440 da Ruta 44 na 7ª Seção Departamental de Rivera – na Vila Moirones. Na oportunidade, conforme foi apurado, os irmãos tiveram umas sérias discussões, motivadas que foram pela perda de consciência e razão ocasionadas pelo consumo excessivo de bebida alcoólica. Só que em determinado momento os ânimos fugiram de controle e ambos começaram a se ofender moralmente – cujo alvo era a mãe e o excesso de proteção diferenciado dedicado a eles.
Olhares enfurecidos foram trocados até que o irmão mais novo decidiu que chegara a hora de tirar a limpo todas as acusações infundadas. Lançou mão de uma foice e partiu como um raio contra João Gabriel – que não fez outra coisa senão defender-se. Porém, a idade de sobremaneira já lhe pesava os ombros e ser atingido seria uma questão de tempo e já começara a cansar. Então decidiu enfrentar Victor em pé de igualdade. Sacou de seu facão e disse: “Se és bem homem, agora vem...” E não é que o mais novo não se intimidou e foi. Como conseqüência deste lamentável episódio – a arma de Gabriel acabou não cumprindo seu papel e invés de defender-se ela acabou agredindo – e feio. João Victor sentiu o frio da navalha passear ardilmente por suas vísceras e tombou diante do irmão que ficou com sentimento de culpa.
Como quase ao lado da casa da família existe um posto de polícia – a chegada da lei foi relativamente rápida, não o bastante para impedir a desgraça iminente, pois já estavam acostumados com as gritarias. Ao chegarem encontraram o agredido sendo amparado e socorrido pelo agressor – que curiosamente era médico. Houve instauração de processo criminal, mas como envolvia personagens destacados da sociedade riverense – o mesmo correu em sigilo de justiça.



Atropelamento animal
MONTADA NUMA VACA MULHER
ATROPELA E LESIONA VIZINHA


“Só me faltava essa – depois de velha ser atropelada por uma vaca!” A exclamação é de Erundina Martins Dias de 64 anos e moradora na Travessa B-67, casa 12, da Rua Brasília em Santana do Livramento. Ela, na tarde de sábado foi colhida frontalmente quando pretendia atravessar em direção à sua vizinha no intuito de reclamar da vadiagem de seus animais. No entanto – a tal de “Petrolina” antes que ela pronunciasse qualquer palavra – montou em sua vaca Mimosa e ambas investiram violentamente contra ela. A vítima resultou com ferimentos generalizados e teve que receber atendimento médico na Santa Casa de Misericórdia.



VETERANO DE GUERRA MANDA BALA
E LEVA CRIANÇA PARA HOSPITAL

A notícia surtiu como uma verdadeira bomba, pois quem imaginaria que aquele garotinho aparentemente esnobando saúde – sem mais nem menos, como num capricho do destino – de um momento para outro viesse a parar na emergência do pronto socorro da Santa Casa de sua cidade – vítima que foi de uma bala.
Carlos Eduardo Vasconcelos era um menino normal como todo de sua idade – sete para oito anos, brincava de correr, jogar bola e principalmente pegar sem permissão os moranguinhos da horta do senhor Arquelau Moreira, um rabugento octogenário militar aposentado cheio de manias e caprichos até certo ponto bizarros – como, por exemplo, soltar seus coelhos de estimação na plantação e caça-los bravamente como se fossem invasores hostis por mera diversão. Isso acontece na paragem de Tranqueras – um vilarejo situado a pouco mais de 55 quilômetros da cidade uruguaia de Rivera, ao qual pertencem, todos temem este veterano de guerra, até mesmo o pároco da Capela Santa Madre de Calcutá que da mesma forma guerreara na 2ª Grande Guerra na Itália e ambos pertenceram, curiosamente, ao mesmo esquadrão Fascista. Portanto fica claro aqui que não se tratam de cidadãos genuinamente uruguaios – e sim imigrantes; só que o tempo se encarregou de amenizar suas diferenças com a terra que os abrigou há quase 50 anos transformando-os, até, em torcedores da Celeste Olímpica. Há até quem afirme que o padre Firmino Bivaque tem até filhos e alguns netos.
Tudo aconteceu numa sexta-feira – lá pelas 17h30min horas quando ele, na companhia de outros coleguinhas - resolveram visitar a horta de Arquelau que fica exatamente atrás da casa do capelão da vila, como normalmente costumavam fazer, não sem antes se certificarem que ninguém os vigiavam. Tudo certo – como haviam planejado Maidana, o mais novo, serpenteava por debaixo da cerca de arames enfarpados e abria a tramela da porta que dá acesso ao paraíso da meninada – aquela frondosa plantação de morangos genuinamente italiana – encoberta por tomates e pimentões que davam cobertura à geada e, por conseguinte aos aproveitadores, sejam eles coelhos ou meninos. Só que após se fartarem de morangos até os olhos - a turma, ao sair, teve uma recepção inesperada sob todos os aspectos imagináveis. Quem estava ali – de carne e osso: ninguém menos que o velho Arquelau e sua garrucha. Com a barba por fazer há semanas – o que lhe conferira um ar de mais idade e austero do que de costume, a turma foi conduzida para sua mansão e lá tiveram um belo susto. Há muito tempo que o velho esperava por aquele momento mágico, pois dividia sua grande casa com seus coelhos e a solidão era iminente. Então, ainda sisudo para assustá-los trancou-os numa sala escura e aguardou alguns segundos antes de ligar a luz. Quando assim o fez – o que se viu foi uma grande festa com muitas balas, bom-bons e chocolate à vontade. Na verdade Arquelau era um solitário que jamais tivera compreensão da comunidade. Como conseqüência desta festa inesperada – houve uma congestão generalizada nos garotos que foram parar no hospital, cujo Carlos Eduardo, o mais esganado levou a pior. Ele teve que ser submetido a uma lavagem estomacal e a paz reinou na vila com o velho deixando a barba branca crescer e se tornando o Papai-Noel da região.